sábado, 9 de junho de 2018

Equilíbrio



Equilíbrio

Izaias Resplandes


Nem tanto céu e nem tanto terra. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Filipenses 4:5.
É comum nos indignarmos de forma extrema com algumas coisas que consideramos absurdas, ainda que outras pessoas considerem as mesmas coisas como perfeitamente normais. E vice-versa.
Na verdade, todo extremismo é prejudicial. Não é porque eu gosto de determinada comida, que vou comer até não poder mais. Não é porque eu gosto de uma música ou de um cantor, que vou passar o dia todo os ouvindo.
Nós somos apressados em fazer nossos juízos em relação a outras pessoas e às mais diversas situações. Se não gosto, se não vivencio, se não tem nada a ver comigo, então eu condeno. Ao contrário, aprovo. Em algumas coisas ficamos em cima do muro.
Assim diz a Bíblia:
Por que atentas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não atentando tu mesmo na trave que está no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão. Lucas 6:41,42.
O fato é que nenhum de nós é perfeito. Somos todos pecadores, cheios de erros e defeitos. Os apóstolos observam:
Paulo: Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Romanos 3:9,10.
João: Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. 1 João 1:8.
O melhor seria que seguíssemos aos conselhos de Jesus:
Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra. João 8:7.
Bezerra da Silva, em “Reunião de Bacana”, conta o que sentiu em uma reunião de pessoas da mais alta posição, como doutores, senhores e até magnatas. E o que ele sentiu ele canta no refrão de sua música, dizendo: “E se gritar, pega ladrão, não fica um, meu irmão”.
Essa é a verdade. O ser humano é corrupto desde a sua meninice. E não faz as coisas como devem ser feitas. Pelo contrário, sempre está procurando um meio de tirar proveito da situação. E quando isso contraria os seus propósitos, então bate o martelo e condena.
Jesus aconselhou:
Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. Mateus 7:1,2.
Ainda que, em determinadas situações seremos convocados para julgar os nossos pares, como no Tribunal do Júri, nas questões da igreja, em Comissões de Sindicância e Inquérito Administrativo e talvez não possamos escusar a missão, no nosso dia a dia, seria melhor que nós evitássemos os juízos, porque nem sempre seremos juízes. Hoje pode ser ele, mas amanhã podemos ser nós que estejamos no banco dos réus.
Por outro lado, há um juízo que devemos fazer o tempo todo. É o autojulgamento. Devemos buscar conhecer os nossos erros e corrigi-los. Isso, sim, é altamente benéfico para nós. É assim a Palavra:
Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. 1 Coríntios 11:31.
É de ver que estamos no mundo para sermos instrumentos de salvação e não de condenação. Jesus disse várias vezes que a sua missão era salvar o perdido. E deixou os seus discípulos com a missão de testemunhar a respeito dessa boa-nova. Vejamos o que diz o apóstolo Paulo a esse respeito:
Quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come; porque Deus o recebeu por seu, Quem és tu, que  julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor. Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos. Mas tu, por que julgas teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas teu irmão? Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo. Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus. De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda, a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu. Não seja, pois, blasfemado o vosso bem; Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens. Sigamos, pois, as coisas que servem para a paz e para a edificação de uns para com os outros. Não destruas por causa da comida a obra de Deus. É verdade que tudo é limpo, mas mal vai para o homem que come com escândalo. Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado. Romanos 14:1-23.
Por outro lado, meus queridos, é muito importante que tenhamos zelo uns pelos outros. Que cada um de nós seja guardador de seu irmão. E nessa condição, devemos buscar toda a proteção para ele, exercer toda a diligência e cuidado em seu favor. Devemos orar insistentemente a Deus por ele, para que caia em si, se arrependa e volte novamente ao Caminho. É assim a orientação de salvação:
Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. 1 João 5:16.
A maioria das pessoas preferem a orientação do juízo, ao invés da orientação de salvação. Sim, pode parecer estranho, mas a Bíblia traz orientações sobre o juízo. Vejamos…
Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Mateus 18:15-19.
Ainda que essa situação se refira a um pecado pessoa contra pessoa, o que vemos aqui é uma questão de julgamento. E, na maioria das vezes, nós temos pressa em que esse processo chegue logo ao final. A nossa paciência é curta com relação aos erros dos outros. Queremos ter a imagem e semelhança do Deus longânimo, mas somos intolerantes e sem paciência com os nossos irmãos e com as pessoas a quem queremos conduzir a Jesus. Assim diz a Bíblia:
Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados. Efésios 5:1.
O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se. 2 Pedro 3:9.
É assim que devemos ser, irmãos: tolerantes, pacientes, longânimos, misericordiosos, bons... Deus é assim e devemos buscar com todo empenho sermos semelhantes a Ele.
Se o nosso irmão pecar contra nós, devemos perdoá-lo e não levá-lo a julgamento. Se o perdoarmos, não haverá motivo para ele ser julgado. E se não conseguimos perdoar, então somos nós que temos problemas em nossos corações. E nesse caso, a melhor orientação é que nós oremos por nós mesmos, que imploremos pela misericórdia de Deus para nos aperfeiçoar de tal maneira que nós possamos perdoar ao nosso irmão ou próximo, mesmo que não seja nosso irmão. Nós recebemos muito perdão de Deus e temos o dever de perdoar muito mais. É assim a Palavra:
Se alguém me contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos. Basta-lhe ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que pelo contrário deveis antes perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja de modo algum devorado de demasiada tristeza. Por isso vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor. E para isso vos escrevi também, para por esta prova saber se sois obedientes em tudo. E a quem perdoardes alguma coisa, também eu; porque, o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo; para que não sejamos vencidos por Satanás; Porque não ignoramos os seus ardis. 2 Coríntios 2:5-11.
A vida cristã deve ser uma vida equilibrada nos princípios estabelecidos na Palavra de Deus. Não devemos nos radicalizar em nenhum extremo. Paulo escrevendo a Timóteo, diz: Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação. 2 Timóteo 1:7.
Se Deus fosse extremista nós estaríamos perdidos. Devemos imitá-lo. Devemos encher o nosso coração de amor, de misericórdia e de perdão. É isso que nos levará para o céu. O extremismo somente poderá nos levar ao inferno sem Deus.
Ao concluir, queremos destacar que estamos vivendo a dispensação da graça e não a dispensação do juízo. Deus, em sua santa sabedoria, tem sido paciente. Sejamos também. Antes de fazermos qualquer julgamento, seja dos irmãos, seja das demais pessoas, busquemos a sábia orientação do alto. Seus fundamentos e alicerces podem ser encontrados na Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. E, segundo São Tiago “a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia”. Tiago 3:17.
Esse é o ensino. Que essa teoria venha fundamentar a nossa prática de todos os dias, até que nos encontremos com o Senhor da Perfeição. Amém!


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