quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O uso de palmas rítmicas durante o Louvor

O USO DE PALMAS RÍTMICAS DURANTE O LOUVOR
 
Introdução: Seria correto o uso de palmas,marcando o ritmo da música, enquanto se canta um hino ou um cântico espiritual? É a pergunta que muitos irmãos, colegas de ministérios fazem para si mesmos, não tendo ainda opinião formada sobre o assunto. Pretendo, resumidamente, expor minha opinião, à luz da Palavra de Deus, para ajudar os irmãos a refletirem sobre o assunto, e formarem suas próprias opiniões.
 
I- Do ponto de vista bíblico-teológico não há qualquer orientação para que batamos palmas, marcando o ritmo da música, enquanto entoamos louvores a Deus.
 Os partidários dessa prática se apoiam no Salmo 47:1" Batei palmas todos os povos", tomando essa frase como se fosse um mandamento eclesiológico. Para ser honesto, se devemos buscar orientação prática para o culto na Igreja Neotestamentária, temos que buscá-la no Novo e não no Antigo Testamento. Afinal, a prática religiosa do povo de Israel, no Templo, é diferente da prática da Igreja Cristã. Israel não era Igreja Cristã, pois o próprio Cristo disse, durante seu ministério terreno: " Edificarei ( no futuro) a minha Igreja" (Mt 16:18).
Buscando orientação Neotestamentária, não encontramos qualquer base bíblica ou sugestão para que se use palmas rítmicas durante o louvor.
Ainda que o Antigo Testamento pudesse servir de orientação à prática eclesiológica cristã, o contexto do Salmo 47:1 é outro, e não de uma reunião no santuário, para um culto de adoração. A cena ocorreu na estrada, quando os filisteus devolveram a Arca a Israel. Se este Salmo foi escrito no momento deste acontecimento, literalmente, os filhos de coré convidavam aqueles que estavam presentes, lá na estrada, diante daquela cena de vitória, a "aplaudir com as mãos"(bater palmas escarnecendo dos filisteus) e ao mesmo tempo agradecendo a Deus, cuja presença real, era simbolizada pela arca. Tal ato simbolizava o reconhecimento da Soberania de Deus. Somos convidados sim, a louvar a Deus através de Salmos, hinos, cânticos espirituais, orações e não através de palmas. Nas páginas das sagradas escrituras Neotestamentária encontramos o seguinte: "Habite ricamente em vós a Palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações. ( Cl 3:16) e mais, "Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais" (Ef 5:19). Não encontramos em todo o Novo Testamento nenhuma passagem que mencione o uso de palmas,danças ou coreografias para a adoração a Deus. Pelo menos na minha Bíblia e  acredito que ela também é inspirada por Deus.
 
II- Do ponto de vista bíblico-prático, as palmas podem atrapalhar, ao invés de contribuir para a adoração espiritual genuína a Deus. (Jo 4:23,24).
As palmas podem contribuir para a criação de uma alegria meramente artificial-forjada, não espontânea, à semelhança da alegria criada nos "shows", por um animador. Tal alegria, num ambiente de culto, é enganosa, tornando o culto fim em si mesmo. A prioridade do ato de culto passa a ser a alegria dos participantes; os participantes são a prioridade, e Deus a ser adorado, fica em segundo plano. O culto então passa a ser um mero "show evangélico": se agradou os participantes, então foi " abençoado", nem se pergunta se agradou a Deus!
As palmas ressaltam o ritmo, o balanço. Isso dá prazer e um sentimento de realização pessoal. A alegria que deveria envolver o espírito, envolve, via de regra, quase que exclusivamente as emoções. Entretanto, o Enganador convence os participantes de que aquela alegria é "fruto do Espírito Santo". O próprio coração dos participantes os engana (Jr 17:9).
As Palmas liberam as emoções, convidam à ginga do corpo, estimulam o movimento dos quadris, principalmente dos jovens, que, com isso, transmitem uma linguagem sensual, tornando o culto semelhante aos dos idólatras pagãos, no passado, que incluíam a sensualidade. Se as lideranças deixarem as palmas correrem soltas, certamente virá a "dança para Cristo", que nada tem a ver com as danças de Miriã e de Davi, que se deram fora do templo, ou seja, não para adoração.
 
CONCLUSÃO: As palmas prejudicam a ação do Espírito Santo nos corações, tanto pelo emocionalismo, quanto pelo barulho que provocam. Quando alguém se encontra sob forte excitação emocional, não consegue usar bem a razão, há um certo bloqueio do raciocínio.
Herodes, sob o domínio das emoções, tomou uma decisão que depois lhe causou aborrecimento, veja: ( Mt14:1-12).
O Espírito Santo usa o raciocínio, a inteligência humana, para convencer o pecador (Is 6:9-10), o emocionalismo atrapalha. O barulho das palmas, prejudicam a atenção. É muito difícil concentrar-se no meio do barulho. Como as palmas causam um ruído estridente; os instrumentos são obrigados a aumentarem o volume. Quando chega a hora do pregador, os ouvidos estão com zumbidos, os que estão mais distantes podem não entender todas as palavras. Sem falar na poluição sonora que causa na audição dos participantes.
Assim, as palmas prejudicam a adoração verdadeira, impedindo que os adoradores adorem a Deus em espírito e em verdade, de fato.
Do ponto de vista bíblico-tradicional, palmas não fazem parte da tradição bíblica. E tradição bíblica deve ser mantida e conservada (2Ts 2:15; 3:6). O uso de palmas rítmicas durante o louvor é tradição de algumas igrejas Pentecostais.
Ao meu ver, um culto com ordem e decência (1Co14:40), é um culto sem palmas, barulhos ou gritarias. Eis a razão porque penso que o uso de palmas rítmicas não é aconselhável em nossos cultos a Deus. "Quem é sábio, que entenda estas coisas; quem é prudente, que as saiba, porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão", (Os 14:9).
Referências sobre palmas: Jó 27:23; 34:37; Lm 2:15; Ez 6:11; 21:14; 22:13; 25:6; Na 3:19; 2Rs 11:12; Is 20:16.

3 comentários:

Zigomar disse...

Irmão Joab, Parabéns pelo lindo estudo e pela coragem de falar daquilo que muitas vezes causa polêmicas entre os irmãos! Como Atalaias, temos que falar, alertar dos riscos e dos perigos de ataques de inimigos. Este é nosso papel, foi para isto que Deus nos delegou. Que tipo de Atalaia é o que, vendo o risco de invasores inimigos não avisa, não toca a trombeta, não alerta? Concordo com você e sei que a grande maioria descorda, mas não importa, Deus não obriga a nada, mas avisa de tudo o que é certo e errado. O louvor deve proceder do coração! Às vezes louvamos mais no silêncio!
Grande abraço!

Peter Daniel Rees Jr disse...

Excelente estudo irmão. Simples , claro e principalmente bíblico. Infelizmente nas nossas igrejas já ultrapassamos as palmas e estamos usando os tambores e instrumentos de percursão além das danças que já subiram aos púlpitos também.Precisamos nos arrepender e voltar à simplicidade da Palavra e do culto Neo testamentário.

Dr. Takeo disse...

O uso de espetáculo como atrativos nunca foi e nunca será ferramenta que produza transformação, no máximo fãs, prova disso é que encontramos a classe dos desigrejados, pessoas que se dizem evangélicas mas não tem seu fundamento na Rocha, passaram por diversos movimentos e projetos de crescimento, mas muitos, nunca se converteram de fato. Pior ainda são aqueles que querem sempre mais, quando o atual se torna sem graça e se cobra um espetáculo mais incrementado, adicionam daí uma pitada de falsa espiritualidade, um choro, um grito, gemidos, etc etc... E aí o emocionalismo toma conta e o evangelho passa longe...
Não adianta, se o atrativo não for o evangelho, apenas conquistarão os que querem vir de sinais e prodígios.