Bodas de Pinho
Aquele que encontra uma
esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor. Provérbios 18:22.
Trinta e dois anos atrás.
Dezenove de janeiro de 1985.
Naquele dia nós demos o passo da coragem. Havíamos resolvido
ficar juntos por todo o tempo que vivêssemos. Selaríamos com nosso casamento o
fim de nossas crises de desentendimento, de inconformismo, de intolerância, de
enfado, de incompreensão e qualquer outra que pudéssemos ter vivido, mesmo
tendo, ou não as tendo vividos. Fosse o que fosse que tivesse sido até ali,
acabaria ali: no altar, na troca das alianças, no “sim”, na declaração “o que
Deus uniu, não separe o homem”.
O que passou, passou! O que interessava para nós,
naquele momento, era a nova vida que nós estávamos decididos a construir
juntos.
Não tínhamos uma casa própria. Ela estava
desempregada e eu estava trabalhando com meu pai. Eu ganhava um salário mínimo
de seiscentos mil cruzeiros por mês, livre de despesas. Iríamos morar em um
barracão que ficava nos fundos da casa de meu pai. Uma suíte e outro cômodo
para tudo o mais. Tudo já estava mobiliado. Só faltavam nós dois para que se
transformasse em nosso lar.
Ali naquele barracão nós tivemos momentos muito
felizes. Sonhamos nossos projetos, cantamos nossas alegrias... “Voa! Voa,
pardalzinho! Venha para o nosso ninho! Voa!” – escrevi naquele tempo, em uma
canção que compus. Foi um bom tempo,
ainda que curto tempo. Ali foi nossa primeira casa. Hoje já estamos contando com
sete mudanças nos lombos. Depois do barracão de meu pai, mudamos para a casa de
minha mãe, depois para a casa da Socorro (nossa madrinha de casamento). Então construímos
nossa primeira casa. Em Poxoréu. Aí nós a vendemos e mudamos para uma casa de
aluguel. Depois nós recompramos a casa que havíamos construído e voltamos para
lá. Então nós a vendemos de novo e fomos outra vez para a casa da mamãe. E aí construímos
nossa segunda casa. E em 1995, com dez anos de casados fizemos nossa sétima
mudança. E que seja a última, embora já tenhamos falado em muitas mudanças
outras...
Já fizemos muitos planos de moradia. Aliás, eu,
porque ela só escutava e quase não comentava sobre aqueles planos.
E eu dizia: Ah, quando eu me aposentar, nós vamos
voltar para Goiânia! Tempos depois: Eu gostaria de morar na beira de um rio de
águas cristalinas, sossegado... Mas com todo o conforto da modernidade:
internet, telefone, tv por assinatura... E mais depois: Hum, acho que eu
gostaria de viver em um sítio, numa fazenda. Aí mudei os planos: Não! Eu sou um
caro urbano. Acho que quando eu me aposentar nós vamos é andar de cidade em
cidade! Três meses em uma cidade, três meses noutra. E assim vamos conhecendo o
mundo e nos divertindo. Por fim: sabe de uma coisa, acho que é melhor nós ficarmos
em Poxoréu, mesmo.
E até hoje estamos em Poxoréu, parados na sétima
mudança, graças a Deus!
Mas o tempo foi passando. Inexoravelmente! E muitas
coisas passam quando o tempo passa... Como por exemplo, muitas das coisas que
todos acham que provam que duas pessoas se amam. Nós também tivemos dessas
coisas e elas também passaram com o passar do tempo. Mas nós não deixamos de
nos amar por causa disso.
Acredito que, com um pouco de esforço, eu conseguiria
me lembrar de alguma coisa que passou e que ficou em cada um dos anos do filme
de nossa existência conjugal. Eu acho conseguiria me lembrar de coisas boas e
de coisas ruins. Vamos ver... Hum! Ah, acho que é melhor deixar isso de mão.
Lembrar-se das coisas ruins, que nos trouxeram alguma
forma de sofrimento é sofrer outra vez. E quem é que vai ser maluco de querer
bis no sofrimento! Deixa isso de mão. Ah, mas tem as coisas boas. Essas valem a
pena se lembrar, não é verdade? Hum! Será? Só concordo, se forem aquelas coisas
boas que nunca se passaram. Essas, sim! Elas são as únicas lembranças que valem
a pena lembrar de novo.
O que passou, passou! Lembrar-se do passado, não vai
torná-lo presente. Só devemos lembrar daquilo que for absolutamente necessário
para o nosso presente e para melhorarmos ainda mais o nosso futuro.
Quando me ponho a lembrar daqueles tempos, quase
sempre sofro outra vez, porque a gente tem a tendência de só ficar se lembrando
das coisas ruins. A gente pergunta para o outro: você se lembra do que você me
disse naquele dia tal e tal? Sabe de uma coisa: para esse tipo de pergunta,
quase sempre a minha resposta é não! Mas, noutras vezes, eu pergunto se foi uma
coisa boa e se vai fazer bem para nós nos lembrarmos dela. Se sim, vamos nos
lembrar! Se não, deixa para lá!
Eu aprendi em uma história que gosto muito e que
vivo repetindo, que “as coisas ruins devem ser gravadas na areia, para que tão
rápido quanto elas possam ser apagadas pelo vento, elas também possam ser
apagadas de nossas lembranças”. Já “as coisas boas devem ser gravadas na rocha,
para que nunca sejam esquecidas”.
Nesses trinta e dois, muita coisa passou. A maioria
veio, ficou por um tempo e depois se foi. Mas muitas outras que já existiam
entre nós, antes de dezenove de janeiro de 1985, ainda continuam existindo,
como o nosso amor, a nossa amizade e a nossa atração um pelo outro. E também
algumas outras que vieram depois, não se foram de novo e ficaram conosco. E
hoje aquelas e essas, com mais três filhos, uma nova e dois netos fundamentam nossas
bodas de pinho.
Nós somente demos o passo da coragem em dezenove de
janeiro de 1985, depois de compreendermos que, apesar de não termos um alicerce
material para vivermos a nossa vida a dois, nós nos amávamos e acreditávamos
que nosso amor seria suficiente para nos ajudar a construir os alicerces, as
paredes, a cobertura, o acabamento e o preenchimento de nossa casa conjugal.
Nós passamos momentos muito difíceis, mas nós
superamos todos eles. Naquele tempo nós tínhamos o amor e a esperança de que
conseguiríamos. E nove anos depois, em 1994, nós tivemos um maravilhoso
encontro pessoal com Cristo Jesus. E a partir dali, com o incremento da fé, nós
temos nos fortalecido em todos os sentidos.
Minha esposa é a pessoa mais linda que eu conheço. É
a mais generosa e compreensiva de todas as mulheres do mundo. Não existe
nenhuma pessoa que seja tão talentosa quanto ela. Ela é uma mulher incomparável.
Sou o homem mais feliz do mundo por tê-la conhecido um dia. Ela é o meu tesouro!
“Como sempre disse, ela é a esmeralda mais preciosa que Goiás já produziu e que
me deu por esposa”. E repito mais: “o meu amor por é você, minha esposa, um sol
brilhante, que no eterno horizonte, sempre sai”.
Parabéns por essas bodas de pinho, meu tesouro! Que
nossos anos de convivência feliz e harmônica sejam para sempre, porque não
tenho dúvidas de que “por toda a minha vida vou te amar” e de igual forma
também creio que assim sou e serei amado por você.
Izaias Resplandes
2 comentários:
Parabéns Izaías e Lourdes, Deus abençoe a vocês para que tenham ainda não só momentos mas tempos de alegrias juntos! Só não gostei da música do "pardalzinho" esse bicho é chato demais. Eu o trocaria por qualquer outro pássaro, mas como é você, penso que você mesmo diria, deixa assim!
Deus os abençoe sempre!
Abraços!
Parabéns para vocês e que este amor, amizade e carinho um pelo outro seja gravado na pedra. Isa2
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