quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Bodas de Pinho

Bodas de Pinho


Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benevolência do Senhor. Provérbios 18:22.

Trinta e dois anos atrás.

Dezenove de janeiro de 1985.

Naquele dia nós demos o passo da coragem. Havíamos resolvido ficar juntos por todo o tempo que vivêssemos. Selaríamos com nosso casamento o fim de nossas crises de desentendimento, de inconformismo, de intolerância, de enfado, de incompreensão e qualquer outra que pudéssemos ter vivido, mesmo tendo, ou não as tendo vividos. Fosse o que fosse que tivesse sido até ali, acabaria ali: no altar, na troca das alianças, no “sim”, na declaração “o que Deus uniu, não separe o homem”.

O que passou, passou! O que interessava para nós, naquele momento, era a nova vida que nós estávamos decididos a construir juntos.

Não tínhamos uma casa própria. Ela estava desempregada e eu estava trabalhando com meu pai. Eu ganhava um salário mínimo de seiscentos mil cruzeiros por mês, livre de despesas. Iríamos morar em um barracão que ficava nos fundos da casa de meu pai. Uma suíte e outro cômodo para tudo o mais. Tudo já estava mobiliado. Só faltavam nós dois para que se transformasse em nosso lar.

Ali naquele barracão nós tivemos momentos muito felizes. Sonhamos nossos projetos, cantamos nossas alegrias... “Voa! Voa, pardalzinho! Venha para o nosso ninho! Voa!” – escrevi naquele tempo, em uma canção que compus.  Foi um bom tempo, ainda que curto tempo. Ali foi nossa primeira casa. Hoje já estamos contando com sete mudanças nos lombos. Depois do barracão de meu pai, mudamos para a casa de minha mãe, depois para a casa da Socorro (nossa madrinha de casamento). Então construímos nossa primeira casa. Em Poxoréu. Aí nós a vendemos e mudamos para uma casa de aluguel. Depois nós recompramos a casa que havíamos construído e voltamos para lá. Então nós a vendemos de novo e fomos outra vez para a casa da mamãe. E aí construímos nossa segunda casa. E em 1995, com dez anos de casados fizemos nossa sétima mudança. E que seja a última, embora já tenhamos falado em muitas mudanças outras...

Já fizemos muitos planos de moradia. Aliás, eu, porque ela só escutava e quase não comentava sobre aqueles planos.

E eu dizia: Ah, quando eu me aposentar, nós vamos voltar para Goiânia! Tempos depois: Eu gostaria de morar na beira de um rio de águas cristalinas, sossegado... Mas com todo o conforto da modernidade: internet, telefone, tv por assinatura... E mais depois: Hum, acho que eu gostaria de viver em um sítio, numa fazenda. Aí mudei os planos: Não! Eu sou um caro urbano. Acho que quando eu me aposentar nós vamos é andar de cidade em cidade! Três meses em uma cidade, três meses noutra. E assim vamos conhecendo o mundo e nos divertindo. Por fim: sabe de uma coisa, acho que é melhor nós ficarmos em Poxoréu, mesmo.

E até hoje estamos em Poxoréu, parados na sétima mudança, graças a Deus!

Mas o tempo foi passando. Inexoravelmente! E muitas coisas passam quando o tempo passa... Como por exemplo, muitas das coisas que todos acham que provam que duas pessoas se amam. Nós também tivemos dessas coisas e elas também passaram com o passar do tempo. Mas nós não deixamos de nos amar por causa disso.

Acredito que, com um pouco de esforço, eu conseguiria me lembrar de alguma coisa que passou e que ficou em cada um dos anos do filme de nossa existência conjugal. Eu acho conseguiria me lembrar de coisas boas e de coisas ruins. Vamos ver... Hum! Ah, acho que é melhor deixar isso de mão.

Lembrar-se das coisas ruins, que nos trouxeram alguma forma de sofrimento é sofrer outra vez. E quem é que vai ser maluco de querer bis no sofrimento! Deixa isso de mão. Ah, mas tem as coisas boas. Essas valem a pena se lembrar, não é verdade? Hum! Será? Só concordo, se forem aquelas coisas boas que nunca se passaram. Essas, sim! Elas são as únicas lembranças que valem a pena lembrar de novo.

O que passou, passou! Lembrar-se do passado, não vai torná-lo presente. Só devemos lembrar daquilo que for absolutamente necessário para o nosso presente e para melhorarmos ainda mais o nosso futuro.

Quando me ponho a lembrar daqueles tempos, quase sempre sofro outra vez, porque a gente tem a tendência de só ficar se lembrando das coisas ruins. A gente pergunta para o outro: você se lembra do que você me disse naquele dia tal e tal? Sabe de uma coisa: para esse tipo de pergunta, quase sempre a minha resposta é não! Mas, noutras vezes, eu pergunto se foi uma coisa boa e se vai fazer bem para nós nos lembrarmos dela. Se sim, vamos nos lembrar! Se não, deixa para lá!

Eu aprendi em uma história que gosto muito e que vivo repetindo, que “as coisas ruins devem ser gravadas na areia, para que tão rápido quanto elas possam ser apagadas pelo vento, elas também possam ser apagadas de nossas lembranças”. Já “as coisas boas devem ser gravadas na rocha, para que nunca sejam esquecidas”.

Nesses trinta e dois, muita coisa passou. A maioria veio, ficou por um tempo e depois se foi. Mas muitas outras que já existiam entre nós, antes de dezenove de janeiro de 1985, ainda continuam existindo, como o nosso amor, a nossa amizade e a nossa atração um pelo outro. E também algumas outras que vieram depois, não se foram de novo e ficaram conosco. E hoje aquelas e essas, com mais três filhos, uma nova e dois netos fundamentam nossas bodas de pinho.

Nós somente demos o passo da coragem em dezenove de janeiro de 1985, depois de compreendermos que, apesar de não termos um alicerce material para vivermos a nossa vida a dois, nós nos amávamos e acreditávamos que nosso amor seria suficiente para nos ajudar a construir os alicerces, as paredes, a cobertura, o acabamento e o preenchimento de nossa casa conjugal.

Nós passamos momentos muito difíceis, mas nós superamos todos eles. Naquele tempo nós tínhamos o amor e a esperança de que conseguiríamos. E nove anos depois, em 1994, nós tivemos um maravilhoso encontro pessoal com Cristo Jesus. E a partir dali, com o incremento da fé, nós temos nos fortalecido em todos os sentidos.

Minha esposa é a pessoa mais linda que eu conheço. É a mais generosa e compreensiva de todas as mulheres do mundo. Não existe nenhuma pessoa que seja tão talentosa quanto ela. Ela é uma mulher incomparável. Sou o homem mais feliz do mundo por tê-la conhecido um dia. Ela é o meu tesouro! “Como sempre disse, ela é a esmeralda mais preciosa que Goiás já produziu e que me deu por esposa”. E repito mais: “o meu amor por é você, minha esposa, um sol brilhante, que no eterno horizonte, sempre sai”.

Parabéns por essas bodas de pinho, meu tesouro! Que nossos anos de convivência feliz e harmônica sejam para sempre, porque não tenho dúvidas de que “por toda a minha vida vou te amar” e de igual forma também creio que assim sou e serei amado por você.

Izaias Resplandes

2 comentários:

Zigomar disse...

Parabéns Izaías e Lourdes, Deus abençoe a vocês para que tenham ainda não só momentos mas tempos de alegrias juntos! Só não gostei da música do "pardalzinho" esse bicho é chato demais. Eu o trocaria por qualquer outro pássaro, mas como é você, penso que você mesmo diria, deixa assim!

Deus os abençoe sempre!

Abraços!

umnt disse...

Parabéns para vocês e que este amor, amizade e carinho um pelo outro seja gravado na pedra. Isa2