domingo, 6 de abril de 2008

A família do crente


Introdução. A vida humana tem início com o nascimento biológico. A forma mais comum é que esse fato resulte do relacionamento sexual entre um homem e uma mulher. Em que pese a ciência moderna haver desenvolvido outros meios de fecundação, a presente reflexão toma como referência o modo tradicional, adotando o entendimento de que este é o que teria sido instituído por Deus, tomando como base, principalmente, os textos bíblicos de Gn 1:27-28, 4:1-2 e 5:1. Temos por objetivo o desenvolvimento de uma análise sumária referente à gênese da família do crente a partir de uma classificação biológico-espiritual, enfatizando a origem humano-divina do filho de Deus, a qual vislumbramos como sendo a conditio sine qua non para o acesso ao reino celestial.
Família do Presbítero Antônio Júlio Pinto - Cuiabá - MT

1. A classificação biológico-espiritual do homem. Mesmo entendendo que as classificações sejam sempre relativas, consideramos que, às vezes, elas podem nos ajudar na compreensão de certas relações que se pretende esclarecer. Nesse sentido, ousamos classificar o homem no que tange à sua origem biológico-espiritual, com a finalidade de evidenciar a importância que essa origem tem na formação da família de Deus.
É de ver que o homem, apesar de ter dependido de apenas um pai para vir ao mundo, ao longo de sua vida pode não somente perder esse pai primitivo, como também pode adquirir outras filiações, permitindo-nos, desse modo, classificá-lo quanto à quantidade de pais que possa ter. Nesse sentido, distribuímos o homem em três grandes grupos: a) aqueles que não possuem nenhum pai (sic); b) aqueles que possuem apenas um; e, c) aqueles que possuem dois ou mais.

a) Os filhos sem pai. Na verdade, biologicamente, não se pode dizer que alguém não tenha um pai. Mas o sentido que atribuímos à palavra pai está relacionado não apenas com o ato de contribuir para a vinda de alguém ao mundo, mas principalmente pelos atos de amar, zelar, sustentar, educar e encaminhar para a vida, tanto terrena, quanto espiritual. Nesse grupo estão enquadrados os filhos abandonados. Aqueles que foram postos no mundo por alguém, mas que não receberam deste os cuidados necessários, para que pudessem chamá-los de pai.

b) Os filhos de um único pai. Aqui estão aqueles que, ou nasceram no seio de uma família ou foram adotados por alguma. Foram pessoas que, pelo menos em algum momento da vida, puderam receber o carinho de alguém, com o qual passou, tanto os bons, como os maus momentos da vida. Estes tiveram um pai de direito e de fato.

c) Os filhos de dois ou mais pais. Esse é um grupo especial. Aqui estão os filhos de Deus, aqueles que tiveram duplo nascimento, ou seja, o carnal e o espiritual. São popularmente conhecidos como “crentes em Jesus”, pelo fato de haverem se tornado seus discípulos, logo após tê-lo recebido como Senhor e Salvador de suas vidas.

Família de Edimário - Nova Olímpia - MT


2. A origem humano-divina do filho de Deus. Os crentes são pessoas muito especiais: nasceram duas vezes. À exceção do primeiro Adão, todas as demais pessoas naturais, tiveram pais biológicos. Mas o crente é uma pessoa diferente. Depois de haver nascido biologicamente, ele passou por um processo que a bíblia chama de novo nascimento, através do qual ele obteve o privilégio de ser feito filho de Deus (Jo 3:1-7).
Nesse sentido, surgem muitas perguntas: Como assim? Não somos todos filhos de Deus? Não é ele o pai de todos nós?
Infelizmente as respostas bíblicas são negativas. Embora Deus seja o dono de todos, por conta de ser o Criador de todas as coisas, haja vista que tudo foi feito por intermédio dele e, sem ele, nada do que foi feito se fez (Ez 18:4; Ml 2:10; Jo 1:1-2), nem todos somos seus filhos.
É de destacar que o homem foi criado com o livre arbítrio, com a faculdade de escolher a quem iria servir e obedecer (Js 24:15). Ao dotá-lo de tal atributo, o Criador lhe educou para fazer a boa escolha, como sempre fez ao longo da história humana (Gn 2:16-17; Lc 10:42). Infelizmente, o homem não teve o domínio próprio sobre sua vontade (Gl 5:23). Tempos depois de sua criação, transgrediu a ordem divina (Gn 3:6). Imediatamente vieram as conseqüências, dentre as quais, a morte física e espiritual (Gn 3:7-24; Gn 5:5; Rm 5:12).
Vivendo o estado de decaído, o homem se afastou cada vez mais de Deus, passando a servir a si mesmo, segundo os seus próprios raciocínios e pensamentos (Is 65:2; Rm 2:15; 2 Co 10:15; Ef 2:3), mas, principalmente, fazendo a vontade do maligno, recebendo por conta disso, a designação de filho da ira e até mesmo do diabo (Jo 8:44; 1 Jo 3:10).
Para resolver o problema da rebeldia humana, Deus preparou um plano de salvação, o qual consistia no envio de seu único filho ao mundo, de tal sorte que todos aqueles que o recebessem como Senhor e Salvador pudessem ser considerados como seus filhos adotivos. Seriam pessoas renascidas pela vontade divina (Jo 1:11-12; 3:16; Rm 10:9-10).
O plano foi executado por Jesus. De sorte que, se alguém está em Cristo é nova criatura. As coisas velhas já passaram. Eis que tudo se fez novo (2 Co 5:17).

3. A conditio sine qua non para o acesso ao reino celestial. O reino dos céus também é um lugar especial. Não somente o Todo Poderoso está ali assentado, como também é lá que Jesus foi preparar um espaço para que os filhos de Deus, aqueles que renasceram da Palavra Divina e, por conta disso, se tornaram cidadãos do reino dos céus, possam também habitar na eternidade(Jo 14:1-3).
A respeito disso, é de destacar que o desejo de Deus é que todos os homens venham adquirir o seu direito de estar ali. Ele não quer que se perca nenhum daqueles que criou (Ez 18:32; 2 Pe 3:9). Acreditamos também que nenhuma pessoa de bom senso queira ficar fora do céu.
Diante disso, faz-se necessário que todos compreendam bem a importância do novo nascimento, do recebimento de Jesus como Senhor e Salvador, porque, segundo as palavras do próprio Filho Unigênito, não há outro meio de se chegar ao Pai (Jo 14:6; At 4:12). No céu somente haverá espaço para os seres humanos que fizerem parte da família de Jesus.

Conclusão. Por todo o exposto, não resta dúvida que uma boa compreensão a respeito da gênese humano-divina do homem é de suma importância para aqueles que desejam fazer parte dessa família que um dia haverá de habitar para sempre no reino dos céus. O nosso desejo é que você queira se juntar aos milhares de milhares que já tomaram essa decisão e que hoje são, efetivamente, cidadãos do reino dos céus e concidadãos da família dos santos. Se você ainda não fez essa escolha, hoje é o dia de salvação (Jo 17:14-16; Fp 3:20; Ef 2:19).

Que Deus complete o nosso entendimento.

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