sábado, 15 de setembro de 2018

A decisão política cristã


A decisão política cristã


Izaias Resplandes de Sousa

Um ano eleitoral é sempre atípico no Brasil, causando muito estresse, desentendimento e agressividade. Famílias se dividem. Amigos se rompem. Os podres de cada um se emergem. Numerosos processos judiciais se formam. É uma tremenda confusão, da qual, nem sempre, os cristãos conseguem se manter incólumes.

A Bíblia pode nos auxiliar bastante em nossas decisões e atitudes frente aos momentos políticos que participamos, de forma que possamos manter íntegra a nossa personalidade cristã. Vejamos alguns pontos:

1. Toda pessoa que vier a ocupar uma posição de poder colocará uma carga sobre os ombros dos demais. Não importa a área de atuação. O pastor exerce um poder sobre os membros da igreja. Os pais exercem um poder sobre sua família. O patrão exerce um poder sobre seus empregados. A Diretoria de uma associação exerce um poder sobre seus associados. Os governantes, igualmente, exercem um poder sobre o povo que governam. Jesus exerce um poder sobre seus discípulos. Deus exerce um poder sobre toda a criação. Por exemplo: No julgamento de Jesus, Pilatos lhe fez perguntas e Jesus não respondeu. ”Disse-lhe, pois, Pilatos: Não me falas a mim? Não sabes tu que tenho poder para te crucificar e tenho poder para te soltar? João 19:10.

Quando o povo de Israel pediu ao profeta Samuel que ungisse um rei para governá-los, Deus ordenou que o profeta dissesse para eles quais seriam os direitos do rei e qual a carga que teriam de carregar para ter um rei. “E falou Samuel todas as palavras do Senhor ao povo, que lhe pedia um rei. E disse: Este será o costume do rei que houver de reinar sobre vós; ele tomará os vossos filhos, e os empregará nos seus carros, e como seus cavaleiros, para que corram adiante dos seus carros. E os porá por chefes de mil, e de cinqüenta; e para que lavrem a sua lavoura, e façam a sua sega, e fabriquem as suas armas de guerra e os petrechos de seus carros. E tomará as vossas filhas para perfumistas, cozinheiras e padeiras. E tomará o melhor das vossas terras, e das vossas vinhas, e dos vossos olivais, e os dará aos seus servos. E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais, e aos seus servos. Também os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores moços, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho. Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos. Então naquele dia clamareis por causa do vosso rei, que vós houverdes escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá naquele dia”. 1 Samuel 8:10-18.

Nossas obrigações se dão de modo um pouco diferente do modo israelita, mas têm a mesma finalidade. Nós pagamos impostos. Muitos impostos. Segundo o impostômetro, um software que calcula o montante dos impostos cobrados do povo brasileiro, até as onze horas do dia 15 de setembro, o Brasil havia arrecadado 1 trilhão e 600 bilhões de reais em impostos. O site informa que esse valor corresponde a 153 dias de nosso trabalho. Esse imposto é o equivalente a 42% dos 365 dias do ano. É de dizer que em tudo o que nós compramos os impostos estão embutidos nos preços. E ainda pagamos impostos por ter carros, casas, terrenos, dinheiro, economias, empregados e etc.. Creio que a carga tributária brasileira é muito mais severa do que aquela que Samuel declarou aos israelitas.

2. Já que todos os nossos políticos eleitos vão colocar um fardo sobre nós, a lógica e a racionalidade nos orienta para escolhermos aqueles que se comprometem a colocar um fardo mais leve sobre nossas costas. A Bíblia também deixa essa mensagem. O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo o seguinte: “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”. 1 Timóteo 2:1, 2.

Jesus também, sempre desejou que o fardo a ser carregado por nós fosse leve. E criticava as autoridades que colocavam fardos pesados sobre os governados, principalmente porque elas mesmas não cupriam com tais obrigações.

Sobre a leveza do fardo, disse Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”. Mateus 11:28-30.

Já sobre as autoridades que colocavam fardos nas costas dos outros, ele disse: “Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com seu dedo querem movê-los”. Mateus 23:2-4.

Se tivermos a sabedoria ao escolher os nossos governantes, poderemos sofrer menos. Por isso é importante agir com conhecimento na hora de votar.

3. É fato, que em tempo de eleições, todos os candidatos se apresentam como exemplos de pessoas de bem, muitas vezes mascarando a verdade. A Bíblia fala de Satanás e de seus ministros, dizendo: E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras. 2 Coríntios 11:14,15.

Também é fato, que o governo não é exercido por uma única pessoa, mas por um grupo. No Brasil, o governo é exercido pelos partidos políticos. É de ver que cada autoridade deveria saber tudo o que se passa sob seu comando, mas nem sempre é assim. Nós mesmos, na maioria das vezes não sabemos sequer o que se passa em nossas casas. Assim, quando escolhemos um comando para a nossa cidade, nosso Estado ou nosso País, não devemos nos olvidar que junto com ele virá o grupo do qual ele faz parte e que tais pessoas agirão com certa liberdade, conforme as orientações gerais do grupo. E que o dirigente maior nem sempre conseguirá controlar a todos de sua equipe. Assim, é importante que, além da história dos candidatos,  analisemos também, a história do grupo político ao qual ele faz parte. E também de seus aliados, porque até mesmo um grupo não costuma governar sozinho, mas aliado-se a outros grupos.

4. É importante que os eleitores também se unam para assegurar que os melhores candidatos possam ser eleitos. Muitos eleitores se filiam em partidos políticos e votam conforme as decisões de tal grupo, visando formar uma unidade. Os cristãos também deveriam se unir para garantir que tenham um governo que não sobrecarregue ainda mais as suas cargas. Não se deve esquecer que ninguém vive sozinho e que fazemos parte de coletividades. Ao tomarmos decisões, devemos buscar agir de acordo com a coletividade da qual fazemos parte. Devemos escolher aqueles que estão dispostos a nos ajudar a carregar nossas cargas, para que venham exercer poder sobre nós. E não aqueles que não estão nem aí pelo que se passa conosco. Assim diz a Bíblia: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo”. Gálatas 6:2.

A Bíblia fala sobre os planos de governo de Roboão e seu grupo de amigos. Assim diz o texto sagrado: E tomou Roboão conselho com os anciãos, que estiveram perante Salomão seu pai, enquanto viveu, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo? E eles lhe falaram, dizendo: Se te fizeres benigno e afável para com este povo, e lhes falares boas palavras, todos os dias serão teus servos. Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe deram; e tomou conselho com os jovens, que haviam crescido com ele, e estavam perante ele.E disse-lhes: Que aconselhai s vós, que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs? E os jovens, que com ele haviam crescido, lhe falaram, dizendo: Assim dirás a este povo, que te falou: Teu pai agravou o nosso jugo, tu porém alivia-nos; assim, pois, lhe falarás: O meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai. Assim que, se meu pai vos carregou de um jugo pesado, eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões. Veio, pois, Jeroboão, e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão, como o rei havia ordenado, dizendo: Voltai a mim ao terceiro dia. E o rei lhes respondeu asperamente; porque o rei Roboão deixara o conselho dos anciãos. E falou-lhes conforme o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu o aumentarei mais; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões. 2 Crônicas 10:6-14.

Quem são as pessoas que convivem com os nossos candidatos? Que tipo de poder elas exercem sobre eles? É importante que saibamos dessas coisas, porque, provavelmente, serão as influências deles que serão contadas.

5. É importante conversar e ouvir os conselhos das pessoas que convivem conosco para que  possamos tomar a melhor decisão para o nosso grupo, para a nossa cidade, o nosso Estado e a nossa região. O livro de provérbios nos ensina sobre a sabedoria. Assim diz a Palavra: “Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos”. Provérbios 8:12.

Ao concluir, queremos dizer aos irmãos que, apesar dessas orientações, nós respeitamos a vontade e a liberdade de cada um, para que possam votar conforme a sabedoria que adquiriram. E o que fazemos além disso, é pedir que Deus ilumine a cada um para que faça a melhor escolha para todos nós.

Nenhum comentário: