sábado, 7 de julho de 2018

A perda e a reconquista da perfeição


A perda e a reconquista da perfeição

Izaias Resplandes de Sousa
 
E Deus criou a existência, a luz e o universo contendo os céus e a terra, as plantas, os animais aquáticos e terrestres e, por último, o homem e a mulher, aos cuidados de quem Ele entregou a criação. E Deus ficou muito satisfeito com sua obra, porque viu que tudo o que fizera era muito bom. É assim a Palavra:
E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto. Gênesis 1:31.
E a criação caiu. Infelizmente. A regra de sustentação da perfeição de Deus era a obediência. Enquanto as decisões do homem seguissem ao comando de Deus, tudo ficaria perfeito. Para tanto, Deus estabeleceu como marco a seguinte regra de conduta para ele;
De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. Gênesis 2:16,17.
E a queda da criação foi assim. Deus disse que se o casal comesse do fruto da árvore do conhecimento morreria. A serpente disse para a mulher que isso não era verdade, que não era uma questão de vida ou morte, mas uma questão de saber ou não. E a serpente então esclareceu que, na verdade, Deus não queria que eles comessem do fruto da árvore do conhecimento, porque sabia que no dia em que eles comecem daquele fruto, eles seriam como Ele e conheceriam o bem e o mal. E então ela comeu e também deu do fruto a Adão, o qual comeu também. E o primeiro conhecimento que eles tiveram foi que estavam nus. E logo em seguida conheceram a vergonha e o medo da sua nudez diante daquele que lhes advertira sobre tal situação. Ficaram envergonhados de estarem nus, principalmente porque não tinham sabedoria para administrar o conhecimento que começavam a adquirir.
A verdade é que o casal tomara a decisão de não mais seguir o comando perfeito de Deus. No entanto, ainda que estivessem potencialmente iguais a Deus no que se referia à capacidade de aprender, ou seja,  no sentido do poder conhecer o bem e o mal, a verdade é que o fruto do conhecimento não era mágico e não os tornariam de imediato, perfeitos como Deus.  O problema inicial não estava em conhecer ou não tudo o que Deus conhecia. O problema estava na capacidade para administrar o conhecimento que iriam conhecer a partir daquela decisão de serem autônomos.
Adão e Eva ainda eram as crianças recém-nascidas que Deus criara. Um dia, certamente, eles iriam saber de tudo sobre a criação, mas até que esse dia chegasse, eles deveriam ter a paciência de viver segundo a orientação do Criador, aprendendo cada coisa a seu tempo, até que estivessem prontos para exercerem a sua autonomia. É assim que nós tratamos as nossas crianças. Nós não deixamos elas abandonadas à própria sorte para descobrir por si só o que devem fazer para viver e não morrer. Desde que nascem, nós vamos lhes ensinando as coisas, o caminho por onde devem andar quando estiverem sozinhas e já forem crescidas.
Adão e Eva não tiveram a paciência de esperar que as coisas acontecessem no seu tempo. E precipitaram a sua ruína. Sim, meus queridos. Se não estivermos prontos para exercer a nossa independência, então é melhor que continuemos dependentes. Infelizmente, não foi apenas Adão e Eva que não tiveram a paciência. Os seus filhos seguiram os seus passos e erraram ainda mais que eles. Em ordem sucessiva, é assim a Palavra:
E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. Gênesis 3:6.
E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. Gênesis 3:17,18.
Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. Gênesis 3:22,23.
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. Romanos 5:12-14.
Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. Romanos 8:19-22.
O povo sofre com um mau governante. Todos os subordinados sofrem quando uma pessoa inexperiente assume o comando. Nós passamos anos aprendendo com nossos pais, depois vamos à escola e aprendemos com outros professores, nos formamos, fazemos estágios profissionalizantes com aqueles que sabem e mesmo assim, quantas vezes nós quebramos a cara e temos que sofrer derrotas e arcar com as consequências delas, porque nos defrontamos com problemas reais, e aí já estamos sozinhos e nem sempre temos a quem recorrer. Esse foi o problema de Adão. Ele não queria mais recorrer a Deus. Ele queria mostrar que era o cara, que já havia crescido e que já estava pronto. Mas não estava e nós sabemos disso, porque quase todos nós tivemos que descobrir muitas coisas através da dor, porque em muitas situações que enfrentamos nós não tivemos nenhuma experiência. Aliás, eu diria que nós nunca teremos experiência em nenhuma das situações vividas por nós, porque a vida é inédita e não se repete. Nada do hoje é como o ontem e também não será como o amanhã. É por isso que não fomos criados para sermos independentes. A criação sofreu horrores sob o governo do homem.
Nossos primeiros pais deveriam depender plenamente de Deus. Deveriam aprender com Ele. E depois ensinarem aos seus filhos o que tinham aprendido. Aprenderiam com Deus e depois ensinariam aos seus filhos. E esses aos seus filhos, durante toda a vida de cada um. Deveríamos ser sempre uns pelos outros, os mais velhos sendo cabeças dos mais novos. E essa dependência perfeita seria o que nos tornaria perfeitos, porque sempre estaríamos andando nos caminhos perfeitos ensinados primeiramente por Deus aos primeiros pais e depois passados de pais para filhos até chegar aos nossos dias.
E a perfeição caiu. Infelizmente. E a imperfeição dominou. Infelizmente. E até hoje ela continua dominando. Mas não dominará para sempre. E nós haveremos de reconquistar a perfeição de Deus. E haveremos de viver eternamente de acordo com os termos por ela estabelecidos. É assim a Palavra:
O discípulo não é superior a seu mestre, mas todo o que for perfeito será como o seu mestre. Lucas 6:40.
Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos; mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. 1 Coríntios 13:9-12.
Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. 1 João 3:2.
Desde a queda de Adão, o homem vem buscando alcançar outra vez a perfeição de Deus. É certo que muitas pessoas não dão a mínima importância para isso, mas outras tantas entendem que isso é a coisa mais importante de suas vidas. E envidam esforço para alcançá-la.
Deus conhece os nossos corações. Ele sabe quem deseja passar a eternidade no ambiente de perfeição idealizado por Ele. E, ainda que esse grupo de pessoas não seja grande, comparado com o grupo daqueles que desistiram desse propósito, aceitando que esteja bom para eles qualquer coisa que vier, a Bíblia relata o esforço de Deus para ajudar esse pequeno rebanho que busca obter novamente alcançar e viver na Sua perfeição.
Um dia o homem voltará a ser perfeito. Mas esse é um caminho longo, o qual exigirá muita luta, muito esforço e muita abnegação. Mas o vencedor receberá a coroa da vida. É assim a Palavra.
Não temais, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Lucas 12:32.
Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão. Lucas 13:24.
Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. Mateus 7:13,14.
No princípio nossos pais deveriam ter caminhado conforme o que fossem aprendendo com Deus. E hoje também não é diferente. Cada dia aprendemos uma coisa nova e devemos colocá-la em prática. Não é pelo aprendizado teórico que vamos alcançar a perfeição de Deus, mas sim pela vivência e pela prática das boas obras recomendadas pelos nossos guias espirituais, principalmente pelo que Deus for nos revelando nas Sagradas Escrituras. Nós temos o potencial da perfeição. A prática nos fará perfeitos.
Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo revelará. Mas, naquilo a que já chegamos, andemos segundo a mesma regra, e sintamos o mesmo. Filipenses 3:13-16.
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra. 2 Timóteo 3:16,17.
Todo aquele que se aperfeiçoa no dia a dia pela prática das coisas que for aprendendo, dia a dia, igualmente vai se tornando uma nova criatura. Esse é o alvo daqueles que desejam viver um dia no reino de Deus. Que nós possamos ter a felicidade de estar entre os escolhidos do Senhor. Amém!

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