Testemunho
do irmão Manoel Francisco Paulo feito em uma fita k-7, alguns anos antes da sua
morte, a pedido do irmão Arízio de Almeida Branco, que hoje congrega na Igreja
de Sorriso-MT.
....
O irmão Manoel Francisco Paulo chegou em Mato grosso em 1946, na cidade de
Campo Grande (hoje MS) vindo do estado da Bahia sua terra natal. Ele foi
trabalhar no garimpo, na comunidade Fala Verdade, distante de Campo Grande 40
Km.
“Ao
chegar na comunidade, vi que ali tinha um grupo de crentes da igreja
Presbiteriana. Eles sempre me convidaram para os cultos, mas eu sempre recusava,
pois tinha medo dos crentes, tinha más informações dos crentes, por isso não ia.
Porém, por insistência deles, eu decidi ir na reunião deles. Chegando lá,
começaram os trabalhos lendo Mateus 10: 25 – 30. Quando chegou no versículo 28,
eu pude ver que eu tinha que ir a Cristo, tinha que aceitar como meu Senhor. Ao
findar o culto, fizeram o apelo. Mas, eu não quis aceitar Jesus como Salvador;
parece que alguma coisa me impediu de fazer minha decisão. Então, eu saí do
local. Eles me deram o livro do evangelho de Mateus que me acompanhou por muito
tempo.
Quando
eu saí da comunidade Fala a Verdade, vim para Cuiabá, gastando 15 dias de
viagem. Não tinha estrada naquele tempo e a condução era difícil, até que
chegamos em Cuiabá. Como não tinha profissão não restou outra coisa a fazer a
não ser o garimpo. Fui para um lugar de garimpo chamado Alto Paraguai,
conhecido como Gatinho. Trabalhei ali alguns meses, mas não fiz nada no
garimpo, as coisas não davam certo para mim. Então eu fui para o seringal. Me
falaram que no seringal se podia fazer dinheiro; tirando borracha teria algum
resultado. Eu fui pensando que isso era verdade. Chegando lá pude ver que não
era para mim a tal da seringa. Voltei novamente para Cuiabá. Chegando em Cuiabá
encontrei, na minha pensão, um senhor que morava em Rondonópolis, ele chamava Antônio
Borba, era um fazendeiro. Ele estava procurando alguém que entendesse de
garimpo para levar para sua fazenda para descobrir um garimpo lá, pois achava
que dava garimpo na sua fazenda. Fui com ele para São Lourenço de Fátima num
lugar por nome Trivial, e ali fiquei alguns tempos, alguns meses ali. Pude ver
que ali não era lugar para garimpo, mas, mesmo assim, ainda peguei alguns “chibiuzinhos”
(diamantes pequeninhos) de pouco valor.
Depois
disso fui para Rondonópolis, isso já em 1948, onde havia uma grande influência
de gente chegando de fora para a lavoura. Descobri, ali em Rondonópolis, um
grupo de crentes da igreja Neotestamentária. Fui e me encostei onde eles
estavam reunidos. Eu encostei ao lado da porta. Não quis entrar e não quis que
ninguém me visse ali. Quando estava terminando a reunião eu fui embora. Depois de
8 dias voltei novamente. Já me deu vontade de entrar. Entrei e me mandaram sentar;
me receberam bem. Eu sentei e fui assistir a reunião, quando o pregador começou
a ler a mensagem, foi a mesmo trecho (texto) que eu escutei em Campo Grande, em
Mateus, mas ele começou no versículo 28 a 30, e fez a explicação, eu pude ver
mais ainda que eu precisava aceitar a Jesus Cristo como o meu Salvador. Eu era
um que andava cansado sem saber para onde ir quando findasse minha vida aqui
nesse mundo. Terminando a mensagem fizeram o apelo e eu fiz a minha decisão ao
lado de Cristo, aceitei a Jesus Cristo como meu Senhor e Salvador. Graças a Deus
o Senhor falou comigo outra vez da Sua palavra. E ali, naquela reunião, reuniam
apenas 4 famílias onde uma era do senhor José Batista com suas filhas, o qual mais
tarde passou a ser meu sogro. Terminou eu namorando a moça mais bonita que
tinha na região: Maria das Dores, com quem me casei e me dei muito bem, graças
a Deus. Foi uma benção de Deus para mim! Continuei com eles, assistindo os
trabalhos.
Em
1949 com um ano que eu tinha aceitado Cristo como meu Salvador, fui batizado.
Em
1950, eu me casei e continuei sempre nos trabalhos com eles.
Nesse
tempo, o missionário John (Joao) Daniel Rees, que foi que abriu o trabalho em
Rondonópolis, morava em Poxoréo. Quando eu chequei em Rondonópolis, pela
primeira vez, ele estava em Poxoréo e depois passou a morar em Rondonópolis. Ele
saía sempre fazendo visitas e pregando o Evangelho. Eu fui o seu companheiro de
viagem por algum tempo. Andei com ele nos sítios, fazendas e em outros lugares.
Depois ele passou a morar em Campo Grande.
Eu
fiquei em Rondonópolis com os irmãos em pequeno grupo de crentes. O “povo”
pegava sempre no meu pé para eu tomar parte nos trabalhos. Eu, muito acanhado,
sem experiência, não queria participar dos trabalhos; até que eu pude ver a
necessidade de trabalhar porque eu precisava crescer no conhecimento da Palavra
de Deus, e também ganhar experiência do trabalho.
Comecei
fazendo visitas nas casas, nas casas dos irmãos depois comecei a sair fora da
cidade, andando de bicicleta até 40 km.
Depois
passei a andar de ônibus em até certos pontos e indo mais longe um pouco só que
não tinha resultado, parece que meu trabalho estava sendo em vão, não havia conversão.
Havia algumas pessoas que mostravam interesse, mas não decidiam, e não dava
prazer no trabalho que estava fazendo.
Em 1965 eu resolvi mudar de Rondonópolis para
um lugar que não tivesse ainda o Evangelho. Eu queria começar num lugar que não
tivesse o Evangelho. Naquele tempo eu
recebia estatística das igrejas evangélicas em todo o Brasil. Naquele livro de
estatísticas das igrejas evangélicas do Brasil, olhando os Estados pude ver que
o Amazonas era o lugar mais necessitado do Evangelho. Então, pensei em ir ao
Amazonas. Falei com a minha esposa. Combinei com ela para nós vendermos a nossa
chacrinha. A única coisa que nós tínhamos era essa Chácara. Ficava ali onde
hoje é a casa da Matilde e do Altivo. Naquela Chácara foi que eu criei a minha família: plantando horta e
minha esposa vendendo o produto dela, na rua, com meu filho Moisés. Falei com
ela para nós vendermos a Chácara para ter dinheiro para chegar em Amazonas. Combinamos
vender. Coloquei a Chácara a disposição para venda. Mas, ninguém interessou em
comprar a Chácara. Todo mundo vendia propriedades, vendiam casas, vendiam chácaras,
vendiam lotes e faziam negócio que precisavam. Porém, eu não achava negócio.
Passado algum tempo eu descobri, desconfiei
que Deus não queria que eu vendesse aquela Chácara. Então falei para minha
esposa: “Sabe, parece que não é a vontade de Deus para nós vendermos essa
Chácara, vamos esperar por aqui”; e não pensei mais em vender aquela Chácara. Mudei
de pensamento, mudei de ideia e fiquei trabalhando por ali mesmo.
Certo
dia, chegou em casa uma irmã que havia convertido no começo do trabalho aqui em
Rondonópolis. Era a Lola. Ela era uma senhora, professora. Depois que saiu do
nosso meio, ela frequentou a Igreja Batista. Mas, ela não deu certo com os
Batistas. Ela havia se mudado para um lugar chamado Areia, onde lecionava. O Areia
ficava adiante do Vale Rico.
Ela me disse:
“Irmão,
você não gostaria de ir lá no Areia pregar o Evangelho? Tem muitas famílias lá.
Tem muita gente e não tem quem pregue o Evangelho naquele lugar. Você não
gostaria de ir lá?”. Então falei:
“Irmã, é um lugar assim que estou procurando. Estou
procurando um lugar que precisa de alguém para pregar o Evangelho”.
Ela
respondeu:
“Lá
tem esse lugar que você está procurando”.
Combinei
com ela para ir lá.
Eu
disse:
“Olha, daqui a 15 dias, de hoje a 15 dias, se
Deus quiser, estarei lá na sua casa. Você faz os convites as pessoas para o
culto a noite que eu estarei na sua casa de hoje a 15 dias”.
Ficamos
certos e ela foi embora. Ao completarem os 15 dias, no sábado, tomei um ônibus em
Rondonópolis e fui ao Vale Rico. No Vale Rico deixei o ônibus e segui a pé até
a casa dela, pois ela havia me dado o endereço da sua casa. Chegando lá na casa
dela já mais ou menos às 16 horas, ela havia convidado algumas pessoas para
assistir a reunião a noite. Tivemos um culto e ajuntou muita gente, eram umas
20 a 25 pessoas. Fizemos o culto e dois filhos dela fizeram sua decisão, porém,
não permaneceram, não seguiram o caminho do Senhor. Entretanto, eu fiquei
sempre indo no Areia. Combinei com o povo e levava a Palavra do Senhor.
Acontece
que ali, no Areia, com a continuação do tempo, houve bastante conversão. Pudemos
ver muitas pessoas que converteram ali e depois mudaram dali. Alguns foram para
Cuiabá, outros foram para Rondônia, outros foram para Nova Olímpia e outros
foram para Poxoréo. Eu segui visitando os irmãos para onde eles tinham mudado.
Continuei fazendo visitas a eles.
O
trabalho de Cuiabá, a igreja Neotestamentária de Cuiabá, começou na casa do
irmão Antônio Júlio Pinto, que hoje é Presbítero da igreja de Cuiabá. Neste
tempo o pai dele era vivo, o finado irmão José Bonifácio, e morava naquele
mesmo lugar onde mora até hoje o Pr. Antônio Júlio Pinto.
O
trabalho de Nova Olímpia começou na casa do nosso irmão Augusto Ricardo de
Oliveira. Começaram no Sítio. Naquele tempo, lá no Sítio, estava ele e seus irmãos
Eurípedes e Gustavo. O trabalho começou lá neste sítio. Depois eles mudaram
para Nova Olímpia, para a cidade. Lá começaram o trabalho e está lá até hoje.
O
trabalho da igreja de Rondônia começou na casa do irmão Pedro Vicente conhecido
por Pedroca, esse infelizmente desviou dos caminhos do Senhor.
A
igreja de Poxoréo começou na casa do irmão Erasmo Mendes. O irmão Erasmo não
veio do Areia. Ele veio da Barão Maia, que fica distante do Vale Rico ao menos 10
a 12 km. Lá eu pude ver que também tinha muita gente. O fazendeiro chamava
Barão Maia. Tinha muitas famílias que trabalhavam naquela fazenda. Trabalhavam formando
pastos. Lá também converteu muita gente. O irmão Erasmo e a irmã Maria
Resplandes converteram ali. Na noite que eles converteram, não sei se
converteram, mas 10 pessoas fizeram decisão, entre eles o irmão Erasmo e a irmã
Maria. Desses 10 - só eles permaneceram, graças a Deus, e deram bom testemunho
da Palavra de Deus.
Então eu pude ver o motivo pelo qual o Senhor
não queria que eu vendesse a minha Chácara e fosse para o Amazonas. Era porque
Ele tinha trabalho para eu fazer no Areia, e também na Barão Maia. Com o tempo
vamos descobrindo muitas coisas que, no momento que acontece, nós não entendemos.
Tanta vontade que eu tinha de ir ao Amazonas pregar o evangelho lá! Mas, o
Senhor não quis que eu fosse para lá. Certamente o meu lugar era em
Rondonópolis, porque tinha que ir ao Vale Rico levar a Palavra para estes
irmãos que aceitaram o evangelho e a graça de Deus, e que até hoje estão firmes.
Assim,
irmãos, que nós podemos ter muitas experiências e descobrir também que para
trabalhar na obra do Senhor são necessárias três coisas principais:
a) Fé;
b) Fidelidade e c) Coragem.
Se
não tiver essas três coisas dificilmente pode dar certo no trabalho.
As
primeiras viagens que eu fiz, sempre fazia por conta própria. Eu trabalhava na
hortaliça e quando tinha dinheiro suficiente para pagar a passagem de ida e de
volta eu ia fazia a viagem. Ia ao Vale Rico e de lá deixava o ônibus que ia
para Guiratinga e ia a pé para o Areia. Era assim também nos outros dias que ia
a Barão Maia. Chegava no mesmo lugar onde parava o ônibus; eu parava ali e
seguia para o Barão Maia, e o ônibus logo seguia para Guiratinga. Onde o ônibus
parava era um ponto de lanche e o ônibus parava ali. Os passageiros iam fazer
lanche, compravam refrigerantes, outros compravam leite, café, e etc... e eu
muitas vezes ficava com vontade de tomar um copo de leite e não podia porque se
eu comprasse não teria dinheiro para voltar para casa, então ficava com vontade.
Seguia “pro” Areia ou Barão Maia, com
vontade de alguma coisa, mas não podia comprar.
Certa
vez aconteceu que chegando no meio da estrada indo para o Barão Maia, ao meio
dia, senti necessidade de comer alguma coisa. Estava com fome. Mas, comer o que?
Então chequei numa lavoura de arroz. Vi, no meio da lavoura uns pés de milho
perto da cerca com uma espiga muito bonita e estava madura. Cheguei na beira da
cerca, chamei alguém, mas ninguém atendeu. Então eu me dirigi a este pé de
milho e colhi a espiga que ele tinha. Tirei a casca (palha), dei graças a Deus
e comi aquela espiga de milho crua do jeito que estava. Que comida deliciosa!
fiquei saciado e continuei minha viagem.
Cheguei na casa do irmão Erasmo às 16 horas
mais ou menos. Fiquei três dias na casa dele. Fazia culto na sua própria casa e
também fazia visitas e pregava a palavra de Deus aos vizinhos. Ali houve
algumas conversões também.
Continuei
o trabalho na Barão Maia, indo nas fazendas e outros lugares mais distante,
ainda na mesma fazenda, e assim pudemos pregar o evangelho naquela região.
Falando
ainda de experiência: um dia fiz uma viagem para Rondônia. Meu dinheiro estava
pouco, porém, eu fui assim mesmo. Dizem que a gente tem que viver pela fé, não
é mesmo? Fui para Rondônia. Quando foi para eu voltar de Rondônia, a passagem
já tinha subido e meu dinheiro não dava para comprar a passagem de Rondônia
para Rondonópolis. Mas, tinha um irmão, de outra congregação, que morava em Rondonópolis,
e que passou a morar em Rondônia, em Ouro Preto. Aliás, ele não morava em Ouro
Preto, ele morava em Ji Paraná, e pedia sempre que fosse a Rondônia para
conhecer a casa dele. Nesse dia deu vontade de ir conhecer a casa dele. Como
ele pedia que eu fosse e eu tinha o endereço também, fui a casa dele. Faltavam
ainda três horas para o ônibus sair da cidade para Cuiabá. Cheguei na casa do
irmão às 13h30min horas. A família dele não estava em casa. Estavam no sítio;
mas, ele mesmo fez almoço para nós. Almoçamos e ele disse: “Encoste e se deite
aí um pouco nessa cama, descanse um pouco”. Eu me deitei, porém não dormi. Ficamos
conversando. Depois ele se levantou, entrou no quarto e disse: “Irmão, aqui
tenho um cofrinho. Neste pequeno cofre eu ponho as ofertas do Senhor e o dízimo.
De mês em mês eu levo a igreja e dou para o trabalho do Senhor. O senhor está
trabalhando e eu vou dar aqui uns quebrados, uns trocos para o senhor comprar
um refrigerante na estrada”. Aí ele me deu uma nota que justamente era o
dinheiro que precisava para chegar em Rondonópolis. Eu tinha pensado em comprar
a passagem até Cuiabá, em Cuiabá tomar dinheiro emprestado dos irmãos e acabar
de chegar em Rondonópolis, mas não precisou porque aquele irmão me deu o
dinheiro que eu precisava. Interessante pensar uma coisa, aquele irmão não
sabia da minha necessidade. Quem falou para ele? Certamente o Senhor falou para
ele, e ele atendeu a voz do Senhor, e supriu aquilo que eu precisava. Interessante
também pensar que aquele irmão não era da igreja Neotestamentária era de outra congregação.
Por isso irmãos, não devemos fazer distinção de igrejas, uma vez que é igreja
evangélica, prega a salvação em Cristo Jesus, é nosso irmão. O Apóstolo Paulo
diz: “Todos vos sois um em Cristo Jesus”. Essa foi uma experiência que eu tive
e graças a Deus nunca me faltou nada no trabalho do Senhor. O Senhor de uma
forma ou de outra supriu as minhas necessidades.
Outra
experiência que eu tive foi um pouco desagradável. Mas, a Bíblia diz que em
tudo devemos dar graças. Embora não saibamos o porquê acontece alguma coisa, a
Bíblia diz que “Em tudo dai graças”. Nós devemos
receber tudo,
segundo a vontade de Deus.
Entre
Rondonópolis e Cuiabá há um lugar chamado Brilhante, fica adiante de Jaciara
uns 15 km. Ali moravam algumas famílias crentes, da igreja Presbiteriana. Era
um bocado de goianos que morava naquela fazenda, Fazenda Brilhante. Eles eram
crentes. Tinham congregação lá onde eles congregavam. Tinham o trabalho deles.
Naquela fazenda tinha também chegado, de fora, algumas famílias, mas era um
povo moreno. Acontece que estes irmãos Presbiterianos parecem que eram racistas.
Não sei por que eles não ligavam para estas famílias que tinha lá. Não
convidavam para assistir os trabalhos e nem tão pouco pregavam o evangelho para
eles. Nesse tempo, tinha um irmão nosso que passou a morar lá no Brilhante. Os
goianos queriam assistir o trabalho, mas ficavam acanhados porque ninguém os convidava.
Então, esse irmão disse: “Olha em Rondonópolis tem um irmão, se vocês convidarem,
ele vai vir aqui. É o irmão Manoel Paulo”.
Eles vieram em casa, contaram a história deles para mim e me convidaram para ir
lá na Fazenda Brilhante, onde eles estavam moravam para pregar o Evangelho para
eles. Eram mais ou menos seis a sete famílias. Eu fui um pouco acanhado porque
ali estava a igreja Presbiteriana. Ao chegar lá eu falei com eles, tinha uns
irmãos que moravam lá. Fui fazer uma visita ao irmão que se chamava Nestor, o
qual depois, morreu acidentado. Eles disseram para mim: “Tudo bem, é mais um
irmão que pode nos ajudar aqui nos trabalhos. Seja bem-vindo”. Então, eu fui à casa deste irmão que veio em
Rondonópolis me convidar.
Começamos
um trabalho na casa dele, e eu sempre voltava lá em Brilhante. Tomava o ônibus em
Rondonópolis, passava Jaciara, adiante de Jaciara uns 15 km, eu descia do
ônibus e entrava do lado esquerdo, acho que uns dois km e pouco e chegava na
fazenda. Ali doze pessoas se converteram; oito pessoas chegaram a ser batizadas.
Eles foram batizados pelo missionário Carlos Ek....
Charles Harrys? Seria esse? Eles o chamavam de Sr.
Carlos. Carlos Harrys. Ele era esposo da missionaria Margery. Esse tempo
ele estava aqui em Rondonópolis. Eu o convidei para fazer visitas aos irmãos lá
e fazer o batizado deles, porque naquele tempo eu não era Presbítero ainda. Ele
batizou oito pessoas. Os outros não foram batizados porque ainda não estavam
preparados. Passados uns tempos esses irmãos vieram morar em Jaciara. Chegando
em Jaciara, o pessoal da cristã do Brasil “deu em cima deles” ensinando as suas
doutrinas. Ensinando que tinham que saudar com ósculo santo, que tinham de orar
só de joelho, que a mulher tinha que usar véu, e um bando de coisas. Eles
implantaram a doutrina deles nesses irmãos que mudaram para Jaciara.
Um
dia levei o missionário que mudou para Campo Grande, John (João) Daniel Rees,
para visitar os irmãos em Jaciara. Chegando lá eu notei um clima diferente. Não
deram atenção para nós, muita pouca atenção deram. Aproximando-se já das 18
horas falamos em fazer convites para o culto a noite e eles ficaram por ali,
com pouca vontade, um clima muito triste, muito difícil, desagradável. Procurei
o irmão Nozinho, que era como se chamava o dono dessa casa onde nós chegamos.
Perguntei: “Irmão Nozinho, o que acontece com os irmãos? Estou notando uma
diferença entre vocês. Aí ele foi franco em dizer: “irmão Manoel Paulo nós
agradecemos muito você ter ido no Brilhante, pregou o evangelho pra nós e aceitamos
Cristo como nosso Salvador. Mas, uma coisa o irmão não fez”. E eu disse: “O que
foi que eu não fiz, e precisava fazer e não fiz?”. Ele disse: “Foi nos ensinar
o que nos ensina as Escrituras. O irmão não ensinou que tinha que saudar com
ósculo santo, não ensinou que tinha de orar de joelho, não ensinou que as mulheres
tinham que usar o véu, e os da Cristã do Brasil vieram aqui e ensinaram essas
coisas para nós. Estamos seguindo tudo como ensina a Bíblia”. O missionário John
(João) Daniel Rees conversou um pouco com eles, ensinou um pouco da Bíblia a respeito
destas coisas, e por fim ele disse o seguinte: “Se vocês escolheram estar com o
povo da Cristã do Brasil tudo bem, vocês tem a vontade livre”. Aí deu apoio para eles,
e ficou por isso mesmo. Desta maneira que ali nós perdemos 12 irmãos que
deveriam estar na luta conosco. Devíamos ter um trabalho em Jaciara, mas,
infelizmente houve essa tragédia, uma experiência muito desagradável, mas está
incluída nas experiências.
As experiências
que eu tive com os irmãos da igreja Cristã do Brasil, sempre foram desagradáveis,
sempre perseguiram o meu trabalho. Muitas vezes tivemos contendas. Muitas vezes
ficamos horas estudando a Palavra e discutimos. Não se pode discutir a palavra
de Deus é uma coisa que é errada, mas isso chegou a acontecer. Por fim, eles
levaram estes 12 irmãos. O mais triste é que esses irmãos que eles levaram não
permaneceram com eles e nem voltaram para nós. Foram 12 irmãos que foram para o
mundo. Não permaneceram no evangelho. Até hoje, quando vou a Nova Olímpia, às
vezes, eu vejo ali uma senhorita, uma mulher que hoje é uma mulher da vida e
que foi uma das que eles levaram consigo. Ela não firmou na igreja. Foi para
mundo. Uma experiência muito triste.
Sempre
quando nós pregávamos o evangelho em um lugar, em uma casa, eles propositalmente
iam lá desfazer o que nós procurávamos deixar com os irmãos. Sempre procuravam
contradizer as palavras de Deus, pregando suas doutrinas erradas.
Assim, irmãos, que há muitas experiências gostosas
que causam alegria, mas muitas outras que são tristonhas que causam tristeza,
que causam até lágrimas. Mas, é como diz a Palavra de Deus, um versículo que gostaria
de deixar com os irmãos que se acha em Salmos126:6.... apesar de passar por
lutas e dificuldades, mas também hoje me alegro de ver alguns molhos, de ver
alguns irmãos que aceitaram a palavra de Deus e estão firmes no Senhor,
anunciando a Palavra de Deus para as pessoas que ainda não aceitaram Cristo
como Senhor e Salvador. Que o Senhor possa conservar esses irmãos fielmente na Sua
obra fazendo a Vontade de Deus, e guiando as pessoas no Caminho da Salvação.
Com
71 anos é isso que tenho a dizer na experiência que tive no trabalho do
Evangelho.
Que
Deus nos abençoe.
Ivon Pereira da Silva e sua amada esposa
Joneide Montezuma
Presbítero da Igreja do Bosque da Saúde
e da Igreja Jardim Vila Rica
Várzea Grande - MT
Um comentário:
Que testemunho verdadeiro e recheado de informações. Muito bom...
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