VIAGEM A COLÔNIA SÃO DOMIGOS
A colônia são domingos é um povoado muito antigo, inicialmente habitada por índios, depois foi chegando outros povos e foram misturando e se tornando uma colônia formada por pequenos agricultores onde viviam das plantações de banana, cana de açúcar, laranja, e outras lavouras plantadas apenas para o consumo e sustento de suas famílias.Se tratando de indígenas a sua cultura era voltada para os rituais de feitiçaria, era um povo festeiros, realizavam festas pagam como a festa do Divino, são Sebastião etc. Com o passar do tempo esse povoado foi se espalhando, principalmente migrando para a cidade e os fazendeiros foram comprando suas propriedades e tomando posse de suas terras, hoje é habitada por poucas famílias, algo em torno de 100 famílias e a agricultura acabou, esses trabalhadores vivem de pequenas criações de gado e também trabalham nas fazendas vizinhas como diaristas e ainda muitos são aposentados e apenas moram nos lotes não tendo mais condições de trabalhar.
não tem transporte público, único meio de transporte mais acessível são os barcos que fazem transporte de carga, passageiros e também animais como o gado da região que não tem como ser levado por comitivas de boiadas, pelo fato que o custo é alto e não vale apena.
As lanchas por
sua vez realizam linha semanal, saindo de Corumbá todas as quartas e quinta
feiras no horário de 11h30 minuto, com a estratégia de chegar nos principais portos
durante o dia tanto na ida como no retorno, onde são realizados os embarque e
desembarque dos passageiros cargas e animais. Os moradores das comunidades
localizadas na região de do paiaguáis, se deslocam de seus sitio ou fazenda e
vão ao encontro das lanchas com objetivo de levar condução para os passageiros
que estão chegando, levar os que vão seguir viagem, também receber mercadoria
da cidade a imagem acima é característica nos dias de chegada das lanchas no
porto. O meio de transporte mais comum e cavalo carro de boi e tratores.
Esses
trabalhadores em função da dificuldade para se locomover até Corumbá ou Ladário
demoram muito tempo para ir a cidade tem Casos de pessoas que passam mais de
três anos sem sair da região, quando precisam de alguma coisa fazem encomenda
com os próprios donos de lanchas, ou parente na cidade e assim vão levando a
vida. Quando tem algum problema de saúde fazem automedicação e principalmente
remédio caseiro, sendo assim uma comunidade esquecida pelo poder público.
Já alguns anos
foi inicialmente criado um projeto chamado povo das aguas, depois virou lei, onde
as comunidades são assistidas com dentistas, médicos, psicólogos, assistentes
sociais, barbeiros, etc.
Indo na
colônia são Domingos, propriamente dito, presenciei cenas tristes sítios
abandonados, pessoas que moram em condições precárias sem água sem agasalhos,
roupas de cama, mesa e banho, muitos andam ainda descalços, as crianças crescem
sem saber fazer o higiene pessoal, como higiene bucal e corporal pois a
assistência dada pelo estado fazem muita extração dos dentes quando já não tem
mais jeito de tratar em outros casos é feita a restauração e aplicação
flúor por dentistas e assistentes voluntários
sendo preciso um trabalho mais efetivo com orientação e prevenção. Existe uma
única escola mantida pelo município porem tem apenas o ensino fundamental com 30
crianças matriculas, todos que concluem
o estudo no nono ano é obrigado a vir para cidade ou está condenado a parar de
estudar começando a trabalhar se manter, questionei essa condição diante da
casa da cidadania fui orientado a fazer um levantamento de quantas pessoas que
estão nessa situação e levar até eles para tentarem montar curso especifico
para atender essa demanda através do estado, considerando que o ensino médio é
competência do estado.
Conversando com a Senhora Elizama
da casa da cidadania da Secretaria de assistência social de Corumbá, fui informado
que a equipe de trabalho é pequena e atendem todas as regiões pantaneiras,
dentro do município de Corumbá e Ladário, considerando ainda que o custo é
muito alto, o barco e também os botes são locados de empresas de turismo, como
estamos na temporada de pesca o turismo está em alta por isso os donos de
lanchas com estrutura para esse trabalho cobra um valor elevado para compensar o que teoricamente
estaria recebendo se estivesse atendendo o turismo. Também já buscaram parceiro
na área jurídica e também justiça eleitoral, por ser identificadas a
necessidade da realização desse trabalho, por que muitos desses trabalhadores não tem
documento, não tem título eleitoral, muitas mães não recebem pensão alimentícia
por não conhecer ou não ter condições de procurar a justiça da cidade para
exigir seus direitos legais, mas não conseguiram pelo fato que os profissionais
da área precisariam receber diárias e a prefeituras não tem recurso para bancar
essas despesas, segundo ela foi levantada também a necessidade de agasalhos,
cobertores, chinelos, etc., mas não conseguiram parceria pois uma solução seria
buscar junta a receita federal roupas e agasalhos apreendidos para doar, mas
não foi possível, considerando que existe uma lei municipal que proíbe a doação
de qualquer produto ou materiais de órgão federal para estadual ou municipal
porem a solução seria fazer parceria com as entidades filantrópicas sem fim
lucrativos para receber essas doações junto a receita federal e posteriormente
doar para as comunidades ribeirinhas.
Muitos
desses trabalhadores já conhecem o evangelho, uns através de programas de rádio
e outros por meio de irmãos de outras denominações que vão até a região
pregando a palavra de Deus, muitos desses irmãos não sabem ler, conhecem a
palavra de Deus apenas por ouvir, já existe uma congregação na colônia o Pastor
que realiza esse trabalho mora em Corumbá, vai periodicamente para dar apoio
aos irmãos que são membros da igreja local.
Matias Silva - Pr. Igreja da Nova Corumbá - Corumba,MS - Pantaneiro.
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