Uma síntese da lei de Deus
Prof. Izaias Resplandes de Sousa
Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. Mateus 22:36-40.
Amar é a palavra-chave da Bíblia. Não há como falar de nossa relação com Deus sem trilhar pelos caminhos do amor. É também o tema central desses dois versos. Do amor a Deus e ao próximo, segundo Jesus, depende toda a lei e os profetas. Assim, entendemos que esses dois mandamentos sintetizam o melhor da lei de Deus.
É de observar que pode parecer um tanto estranha essa ideia de sintetizar a lei de Deus, principalmente porque a noção de síntese normalmente se atrela à de minimização e diminuição de um todo que, segundo Jesus, deveria se cumprir integralmente. Não esqueçamos do que Jesus disse: é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei. Lucas 16:17.
E então será assim mesmo: nada cairá e nada passará sem que tudo se cumpra, pois Jesus assim o disse: passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não hão de passar. Lucas 21:33.
Quando falamos em síntese, nós apenas estamos destacando aquilo que é fundamental, aquilo que vem primeiro, que precede tudo o que vem depois. Estamos destacando os pontos dos quais todo o resto depende.
E o amor é esse elemento central da síntese. Sem o amor não temos mais nada. Qualquer coisa que façamos não terá nenhum sentido, não valerá nada. É como disse Paulo: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. 1 Coríntios 13:1-3.
E então, sendo assim, vamos entender como se processa esse amor tão fundamental para todas as demais coisas.
Comecemos pelo amor a Deus, no primeiro grande mandamento. Vemos que ele deve ser pleno: de todo o coração, e de toda a alma, e de todo o pensamento.
Para entender como seria isso devemos comparar escritura com escritura, porque nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 2 Pedro 1:20.
Nessa comparação, vamos ver algumas porções da Escritura. E a primeira que evocamos é a lição do amor ensinada pelo apóstolo João. Assim disse ele: Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? 1 João 4:20.
Na afirmação joanina verificamos que o amar a Deus está atrelado ao amar o irmão. E, embora essa não seja a única ligação, vamos ficar somente com essa neste momento. Então vamos destacar: quem não ama seu a irmão não ama a Deus. Ou seja, o cumprimento do primeiro mandamento implica no cumprimento do segundo, que passa a ser então ainda mais prioritário do que o primeiro.
E então, como posso amar ao meu irmão? Que Paulo nos socorra. Assim diz ele: O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha. 1 Coríntios 13:4-8.
Será que somos capazes de amar assim? Nós dizemos com tanta facilidade o “eu te amo”. Mas será que estamos preparados para esse nível de amor ao outro? Eu acredito que isso pode até ser possível, mas não é fácil, porque nós temos dentro de nós duas naturezas, uma das quais navega na contramão dessa ideia. É assim a Palavra: Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Gálatas 5:17.
Não será fácil, mas também não será impossível. O caso é que nós precisaremos da ajuda de Deus para amar. Devemos dar lugar ao Espírito. Paulo escreve: enchei-vos do Espírito. Efésios 5:18.
Com a ajuda de Deus nós nos aperfeiçoaremos no ato de amar. E nessa busca da perfeição, tanto no amor, como em qualquer outra área, é necessário apenas tomar a decisão e seguir em frente de acordo com a sua própria disposição de vontade. O segredo é começar e não parar. Ou fazer como Paulo diz: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo. Filipenses 3:13,14.
E mais um detalhe… A progressão deve ser no fazer e não no dizer que vai fazer. Se nós nos dispomos para fazer, devemos fazer mesmo e não ficar apenas em projetos. Tem um ditado que diz: o inferno está cheio de boas intenções. E então é assim… Sempre em frente. Jesus disse: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus". Lucas 9:62.
Podemos prosseguir dando um passo de cada vez, mas sempre avançando e evitando os recuos. Não seremos perfeitos. Mas, mesmo não exercendo o amor perfeito, não podemos e não devemos desistir. Fazendo assim, o nosso amor será aperfeiçoado e validado pelo nosso Senhor Jesus Cristo, como escreve João: se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós. 1 João 4:12.
Assim, a missão da nossa vida começa pelo ato de amar ao nosso irmão, que tanto pode ser entendido como o irmão carnal ou irmão de sangue, como também pelo nosso irmão de fé. E então? Quando Deus nos pedir conta de nosso amor aos nossos irmãos, não façamos como fez Caim. Diz a Bíblia que o Senhor perguntou a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão? Gênesis 4:9.
Sim, nós somos os responsáveis pelos nossos irmãos. Não é verdade o ditado que as pessoas costumam dizer para se eximir de responsabilidades: não tenho um passarinho para dar de beber. Na verdade, nós temos responsabilidade por todas as pessoas, apesar de que essa responsabilidade segue a ordem dada por Jesus: ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. Atos 1:8.
Comecemos a praticar o amor com nossa família e, na medida de nossas vitórias, vamos avançando. Ninguém precisa fazer o que não consegue, mas cada um deve fazer o seu melhor para alcançar seus objetivos. Lembre-se de que a Palavra diz: se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.1 Timóteo 5:8.
Ao concluir queremos dizer que o amor ao irmão é sempre a tarefa da hora, a qual devemos estar dispostos a realizar. Ao fazermos pelo outro, estamos seguindo os exemplos de Jesus, que fez por nós, o que dificilmente outra pessoa faria. E seguindo os passos dele, nós haveremos de ser por ele aperfeiçoados e dessa forma, seremos recebido para vivermos a eternidade nos céus.
Que Deus nos abençoe para que a cada dia nós possamos avançar nesse caminho de busca da perfeição em amar ao nosso irmão, porque isso é o mais importante da lei de Deus e não pode ser negligenciado por todo aquele que deseja amar a Deus.
Um comentário:
Que possamos aproveitar as oportunidades de mostrar aos outros que os amamos, seja nossos familiares, irmãos ou aqueles que nos rodeiam, fazendo o bem a todos. Bela mensagem!
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