“Deus não faz o que nós podemos fazer”.
Isto é uma verdade que vemos em toda a Escritura Sagrada. Porém, o ser humano
tem uma forte tendência em partir para o extremo. Às vezes o ser humano tem
dificuldade para encontrar o ponto de equilíbrio e vai de um extremo a outro. Tentar
fazer aquilo que compete a Deus, ou que só Ele pode fazer é outro erro
gravíssimo. Em algumas das promessas de Deus de que faria, ou melhor, que
cumpria o que prometera como o faz em todas as Suas promessas; e, sempre que o
homem se meteu, dando o seu “pitaco” como se fosse ajudar, ao invés disto,
atrapalhou. Sempre que o homem quis fazer da sua maneira, ainda que seja na
tentativa de que seja para Deus, as coisas deram erradas!
Vemos
um exemplo disto em Abraão e Sara. Deus havia prometido a Abraão que sua mulher
Sara teria um herdeiro. Abrão creu, e
isso lhe foi imputado para justiça, mas Sara sua mulher não chegou a
acreditar naquela promessa de Deus. Aos seus ouvidos, provavelmente Deus
estaria “passando mel” na boca de Abraão, fazendo promessas que Ele não podia
cumprir. Sara, sendo estéril e com idade
avançada, queria muito que fosse verdade, mas duvidou. Naquela época já era
comum a “barriga de aluguel”, pelo que vemos. Neste caso não foi de aluguel,
mas de escravidão, uma vez que as pessoas de posses tinham direito de
propriedade sobre os mais fracos e carentes que elas quisessem escolher.
Sara
tinha esse direito sobre uma escrava que seu marido Abraão lhe havia trazido do
Egito, da vez em que esteve por lá fugindo da grande fome que houve em sua
terra. Seu nome era Agar; mulher bonita e forte, que foi dada a Sara como
serva, ou escrava. Então, deve ter pensado Sara em seu recôndito:
“Já que a promessa não passou mesmo de uma
promessa, provavelmente nunca vai se cumprir, vou oferecer a escrava Agar a meu
marido para que ela tenha um filho dele para mim”... Seu sonho era mesmo ter o
tal herdeiro, como é o sonho de toda mulher, ter filhos. Talvez Sara imaginasse
que Abraão fosse exitar muito em aceitar a proposta de que ele coabitasse com
Agar para que ela engravidasse e tivesse um filho com ele a fim de que fosse
seu futuro herdeiro.
Engano
seu! Abraão aceitou rapidinho a sua ideia! A ele caiu como uma “proposta decente”.
Quase não esperou Sara terminar a frase
que foi: “Eis que o Senhor me tem
impedido de gerar; entra, pois, à minha serva; porventura, terei filhos dela”...
Gn. 16:2. O final do versículo é:
“Abraão ouviu a voz de Sara”. Nem
disfarçou! Devia pelo menos ter dito: “como é que você disse? Não entendi”, ou
algo assim. Mas não, imediatamente, “Agar-rou” a Agar, e a possuiu.
Cá
entre nós; não era para Abraão contestar a Sara sua esposa dizendo: “Nunca!
Deus prometeu Ele vai cumprir! Esperemos o tempo de Deus! Isso seria um
absurdo!” Mas não foi assim!
Ao
final, Agar fica grávida e de vez em quando parecia andar meio que “torcendo os
quadris” e acariciando a barriga quando passava por Sara, pois, viviam na mesma
casa. Sara percebeu e começou a sentir que estava sendo desprezada por sua
escrava. Muito triste e acusando agora a Abraão, jogando sobre ele as
afrontas que ela estava sofrendo, como se toda a culpa fosse dele, não queria
mais a escrava sob as suas vistas. Eu até imagino as discussões que eram
geradas na tenda. As desculpas de Sara eram: “Ela me despreza depois de tudo o
que fiz com ela, pondo-a em teu colo,
agora ela me despreza aos seus olhos”. “O
Senhor julga entre mim e ti”. A culpa agora era de Abraão e de Agar. Sara
era apenas uma “vitiminha pobre”! O Senhor, de quem ela duvidara, agora faria o
julgamento, e que Ele fosse justo, “em
favor dela”.
Diante de tantas reclamações e depois de
Sara dizer: “Meu agravo seja sobre ti”,
v. 5, Abraão a devolveu como escrava com o seu aval de que Sara fizesse como
lhe parecesse com a escrava grávida dele. Sara começou a afligi-la, maltratá-la,
até que um dia Agar não aguentando mais a pressão e os agravos, mesmo sendo uma
mulher forte, deu no pé; fugiu. Porém, Deus é o Senhor dos órfãos; O Deus que
não faz acepção de pessoas; que não
trata com indiferença, fez a justiça que Lhe aprouve fazer. O Anjo do
Senhor encontrou Agar no deserto, provavelmente tentando retornar ao Egito, sua
terra natal que estava a quilômetros dali. “O
anjo consolou-a, deu nome ao menino que nasceria e disse para que ela
retornasse e se humilhasse perante a sua senhora, porque através daquele menino
ela teria uma numerosa descendência que
não daria sequer para ser contada. E mais, ele habitaria entre todos os seus irmãos, seria forte como um jumento
selvagem, um animal quase indomável, que era muito admirado e valioso na
época. “A sua mão seria contra todos e as mãos de
todos seriam contra ele”. Isto
significa que os descendentes de Ismael
viveriam praticamente misturados com os demais descendentes de Abraão, e ainda estaria
em constantes desafios entre eles. Gn. 16:6-14.
Agar retornou e deu a luz a Ismael que se tornou o primeiro descendente de Abraão.
Mamava em Agar,
vivia brincando pela casa e intercalava entre os colos de Abraão e Agar. Era a
alegria da casa, menos para Sara; porém,
não era aquele o prometido por Deus a Abraão, com o qual Deus estabeleceria
aliança.
No TEMPO DE DEUS, Ele cumpre
com o que prometera, e visita Sara. A dúvida dela não atrapalhou a promessa de
Deus. “Ele permanece fiel, ainda que
formos infiéis, não pode negar-se a si mesmo” 2 Tm. 2:13. Foi como Ele havia dito. Gn. 21:1-3; e Sara fica grávida de Isaque, o prometido por Deus
tempos depois, sendo, porém, “no tempo que
Deus havia determinado”.
Retornaram as preocupações na
família. Gn. 21.9-10. No dia em que Isaque foi desmamado, começaram os conflitos entre ele, Isaque e Ismael. Por que Ismael, o
mais velho, ridicularizava a Isaque o mais novo. Na verdade, desde que Sara
engravidou, possivelmente começou-se o desprezo da parte dela e Agar, tipo:
“Agora eu também vou ter filhos”; e esse é ‘O filho’!
Aham! Conhecendo bem o ser
humano dá para imaginar não dá? Elas eram bem encrenqueiras também! Eram “barraqueiras”.
Mas agora era a vez de Ismael. Aham!
“...ele quer mamar, o Isaque
quer mamar, desse tamanho e ainda quer mamar...”
Começava o “banzé da
gurizada”.
Preocupado com isso, Abraão,
consulta a Deus, que lhe garante a segurança do menino e da mãe, e promete que
dele, de Ismael, também faria uma nação. Sara insistia, de todas as formas, que
Ismael e sua mãe fossem expulsos da casa, ou seja, da tenda.
Isto quer dizer que as coisas não aconteceram como ela queria. Ela
agora não queria que Ismael herdasse com seu filho Isaque daquilo que era de
Abraão. O filho que, a primeira vista seria para ela um herdeiro, agora era uma
“pedra em seu caminho”. Gn.
21.11-13. Que precipitação eu tive, devia estar pensando Sara! Para que eu
fui tentar ajudar a Deus? Poderia ela perguntar-se.
Após isso Abraão, penosamente,
levantou-se numa madrugada, por ordem de Deus, “tomou pão e água num odre, e colocou um sobre os ombros de Agar e
outro odre de água e pão sobre os ombros de Ismael seu filho e os despediu”.
Mãe e filho ficaram errantes pelo deserto de Berseba. No calor escaldante, eles
logo consumiram aquela água morna e os pães que levavam. Encontrando um
arbusto, deixou Agar ali o menino e se
distanciou um pouco dele porque não o queria vê-lo morrer de fome e sede
naquele deserto. A mãe e o filho choravam um de lá e o outro de cá. E o
Deus das viúvas e dos Órfãos “ouviu a voz
do menino” e O Anjo de Deus bradou a Agar outra vez, consolando-a,
providenciando água e reforçando a promessa de que “ele seria uma grande nação”.
Deus deu outro
casamento a Agar e Ismael cresceu e se tornou um excelente flecheiro e
habitante daquela região, dando posteriormente origem à nação árabe. Ismael
teve doze filhos, assim como Jacó, posteriormente.
Os nomes dos 12
filhos de Ismael está registrado em 1
Cr. 1:29,30. E, de Isaque se
originou a nação judaica com as doze tribos dos filhos de Jacó, filho de
Isaque, que teve o nome trocado para Israel.
Milênios
depois da desavença dessas duas mulheres e dessas duas crianças, os árabes e
judeus, ainda não se entendem!
Lembra como tudo isso começou? O homem
tentando fazer o que só Deus pode fazer. Poderia ter sido perfeito! Deus tem o
seu tempo para tudo e o que Deus promete Ele cumpre! Não compete ao homem,
tomar a frente de Deus para que se cumpra aquilo que está nos Seus planos!
Salomão entendeu isto e disse: “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo
para todo o propósito debaixo do céu: Há tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de colher o que se plantou; tempo de matar e tempo de
curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir;
tempo de prantear e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de
ajuntar pedras; tempo de abraçar e tempo de afastar-se de abraçar; tempo de
buscar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de deitar fora; tempo de
rasgar e tempo de costurar; tempo de estar calado e tempo de falar; tempo de
amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz”. Ec. 3:1-8.
Por causa da religião e da política, os
descendentes de Ismael e de Isaque brigam até hoje. A religião do Islã, à qual
a maioria dos árabes são adeptos, tornou essa inimizade ainda mais profunda. No
livro dos mulçumanos, o alcorão, é ordenado que os muçulmanos ataquem os judeus
que se recusarem a se converter ao Islã. O Alcorão também introduz um conflito,
um bochicho, sobre o qual filho de Abraão era realmente o filho da promessa. A
Bíblia diz que era Isaque. O Alcorão diz que era Ismael.
O
Alcorão ensina que foi Ismael a quem Abraão quase sacrificou ao Senhor, não
Isaque, em contradição ao que diz a Bíblia em Gn. 22. Esse debate sobre quem era realmente o filho da promessa
contribui para a oposição até hoje. E, esta briga que está acontecendo agora,
pode ter certeza, neste exato momento em que você lê estas linhas; vai ainda
muito longe.
Não
vale a pena tentar ajudar a Deus. E nem é necessário! Quando Ele promete Ele
cumpre! E o que compete a Ele fazer, não cabe aos seres humanos, intrometerem-se.
Grande
abraço.
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