sábado, 25 de agosto de 2007

O planejamento de nosso sonho de vida

Izaias Resplandes[i]

A concretização de um sonho na maioria das vezes leva uma vida inteira. Isso requer da pessoa que, após eleger aquilo que será a razão de sua existência, envide em tal objeto todos os investimentos possíveis para a sua realização. Destarte, é bom que não haja desvios. Havendo-os, ocorrerão atrasos e, em muitos casos, o projeto ficará totalmente inviabilizado. Por isso é importante pensarmos bem antes de tomar a decisão, antes de escolher o sonho especial, para que não ocorra de termos corrido em vão. O tempo que passa não se recupera. A caminhada na direção errada estará perdida para sempre. Veja-se, portanto, que antes de avançarmos um passo sequer, tenhamos o cuidado de sentar e planejar toda a seqüência dos atos que serão necessários para atingirmos os nossos objetivos. Isso será imprescindível para que tenhamos bom êxito em nosso empreendimento[ii].

Não se pode perder de vista o fato de que a realização de um sonho seja uma verdadeira guerra, composta de muitos embates. Se desejarmos ser bem sucedidos em nossa empreitada, devemos ter um projeto de vida muito bem elaborado. Há que se ter bem definido, por exemplo, o que queremos e o porquê desse querer, bem assim, o que faremos e o como faremos para alcançá-lo, ou seja, quais serão os nossos objetivos, as nossas justificativas e os caminhos que percorreremos para tornar o nosso sonho de vida uma realidade[iii].

A falta de clareza na definição dos alvos poderá implicar em afastamentos do caminho desejado. Muitos têm feito assim e se perderam. São tantos os exemplos nessa ótica, mas certamente o que denota isso com mais clareza é o caso de “Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se entregado à prostituição como aqueles, seguindo após outra carne, são postas para exemplo do fogo eterno, sofrendo punição”[iv].

É de observar que a falta de objetivos conduz a um caminhar vago, onde não se sabe para onde se está indo. Nesse sentido todo caminho é caminho. E é por isso que muitos preferem seguir essa jornada sem compromisso, onde cada um faz o que bem quer e como quer. Todavia, é muito perigoso caminhar às cegas. A jornada pode terminar em algum dos tantos abismos que existem pela frente. Por tal motivo, não seria prematuro dizermos que aquele que se conduz dessa forma seja, no mínimo, um insensato, haja vista que o caminho do cego está em uma trajetória de colisão com a perdição, tanto material como espiritualmente falando[v].

Além de definirmos o que queremos fazer em nossa vida, devemos também explicar para nós mesmos o porquê de nosso querer. Isso é muito importante, pois nos dará segurança para executarmos nossas ações futuras. Não seremos como meninos levados de um lado para outro por qualquer vento motivador. Estaremos caminhando com plena convicção de que não existe outra coisa melhor para nós do que aquilo que estamos fazendo. Quando formos argüidos sobre os nossos motivos, teremos uma resposta à altura. Como é ruim ver nossos filhos dizendo que não fazem isso ou aquilo porque “meu pai” ou “minha mãe” não deixa. Ou ainda pior: “não faço porque minha igreja não permite”. Essa argumentação é frágil por demais. E a vida de uma pessoa fundamentada em alicerces tais poderá ser ceifada por qualquer inimigo mais bem preparado[vi].

É de reforçar como é de fundamental importância estarmos seguros do que e do por que estaremos fazendo tais e tais ações ou do porque não estaremos fazendo outras tantas. Deveremos ter respostas prontas e seguras para dar a todos, mas, em especial, para nós mesmos. Se agirmos ou omitirmos nisso ou naquilo, não é porque nossos pais ou nossa igreja não permitiram, mas porque nós entendemos que deveria ser dessa ou daquela maneira. Ninguém deverá responder pelos nossos erros a não ser nós mesmos, ainda que outros possam tirar proveito dos nossos acertos. É de péssima educação buscar jogar em cima dos outros a culpa por nossos atos impensados. É altamente passível de crítica. Nesse sentido, é bastante didático ver o que aconteceu em conseqüência do jogo de empurra-empurra que se deu no Jardim do Éden logo após a queda de Adão e Eva[vii].

Não se deve olvidar de que cabe a cada um, com exclusividade, a responsabilidade por aquilo que praticar. Toda a recomendação é para induzir-nos de que devemos nos preparar adequadamente para enfrentar o futuro desconhecido, a fim de que ele não nos pegue desprevenido. Do ponto de vista material, aquele que possuir um bom planejamento terá muito mais possibilidades de sucesso do que qualquer outro que não tenha nada na mão. E do ponto vista espiritual, temos diversas orientações no sentido de buscarmos a devida qualificação para enfrentarmos as hostes espirituais do mal[viii].

Também é de se perguntar para onde estamos indo: se para os céus, se para Roma. O ditado popular diz que todos os caminhos levam à grande cidade, chamada por muitos de “a grande Babilônia”, no sentido de que qualquer caminho leva para lá. Por outro lado, nossas reflexões nos têm mostrado que esse “qualquer caminho” pode nos levar, na verdade, ao abismo de perdição. Portanto, há que se ter cautela. Mesmo que aos nossos olhos o caminho pareça bom, não se olvide de que às vezes as aparências enganam. Há somente um caminho que nos levará ao nosso destino. À sua seleção se oporão todas as demais possibilidades. Se um caminho é o melhor, os outros não poderão ser. Além disso, é de ver que estamos falando da vida, um dos nossos bem mais preciosos. Nesse sentido, não podemos tratar o assunto como se fosse uma questão de múltipla escolha. Temos que tão somente seguir o caminho certo e, portanto, precisamos saber qual seja ele[ix].

Assim deverá ser o planejamento com vista à realização do sonho de nossa vida, cuja importância e imprescindibilidade deverão ser reconhecidas e concretizadas por nós, a fim de que possamos ao término de nossa carreira, não somente ser considerados individualmente bem sucedidos, como também ser elogiados por termos levado outros tantos companheiros a lograrem dos nossos bons resultados. Aí, sim, poderemos dizer juntamente com Paulo: “combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”[x].


[i] Izaias Resplandes de Sousa é membro da Igreja Neotestamentária de Poxoréu, MT.
[ii] Lc 14:28-32
[iii] 2 Tm 2:4
[iv] Jd 1:7
[v] Jó 22:15-16; Mt 7:13; 15:14
[vi] 1 Pe 5:8
[vii] Gn 3:9-19
[viii] Am 4:12; 2 Tm 2:15
[ix] Ap 14:8; Pv 14:12; 15:24; Jo 14:6
[x] 2 Tm 4:7

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