segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Relatório do XLIX Encontro de Lideranças - UMNT (2025)



Relatório do XLIX Encontro de Lideranças - UMNT

Local: Acampamento Rio dos Crentes, Poxoréu, MT

Data: 15 e 16 de novembro de 2025

Coordenador: Missionário Paulo César Moraes (Presidente da UMNT)

Secretário Ad Hoc: Izaias Resplandes de Sousa

Presentes: 40 participantes (incluindo filhos)

Contribuintes: 36 pessoas. Arrecadação bruta: R$ 5.400,00. Oferta para missão: 10%

O restante foi destinado para a cobertura das despesas e manutenção do Acampamento Rio dos Crentes.


1. Abertura e Legado

O Missionário Paulo César Moraes iniciou o encontro com 40 participantes, designando Izaias Resplandes de Sousa como Secretário. A reflexão de abertura abordou a passagem de bastão da liderança, rememorando figuras históricas como Isaias Almeida, Ademar Soares, Nanao Yamamoto e Antônio Júlio Pinto. Paulo César enfatizou que a responsabilidade da obra é agora um privilégio e encargo para a nova geração, urgindo-os a "avançar" antes que os ciclos se encerrem. O texto base do encontro foi João 15:15: "Já não vos chamo servos... mas tenho-vos chamado amigos..."

Temário do XLIX ENCONTRO - 2025:

  1. Unidade das igrejas locais

  2. Estudo mensal rotativo em uma igreja

  3. Encontros regionais de lideranças com a UMNT

  4. Relatório financeiro da UMNT

  5. Informe sobre a mudança para a casa da missão

  6. A igreja missionária


2. A Missão Indígena e Apelo por Moradia (Missionário Roque, Filemon e Laís)

O Missionário Roque Nascimento detalhou a situação precária de moradia do casal missionário Filemon e Laís (indígena Bororó) na Aldeia Gomes Carneiro.

  • Necessidade: O casal vive em uma casa de lona, sem segurança, precisando de vigilância constante contra roubos.

  • Plano de Ação: Será construída uma primeira casa simples de madeira e telhado de palha para oferecer segurança imediata. O objetivo final é uma casa definitiva de alvenaria.

  • Apelo: Roque solicitou apoio financeiro para materiais e combustível, reforçando que o trabalho na aldeia (cerca de 2.000 não evangelizados) é um retorno da Missão UMNT às suas raízes.

O casal Filemon e Laís expressou gratidão pelo apoio, mas descreveu a tensão de ter que se revezar na vigilância da casa. Eles se comprometeram a concluir a moradia com uma porta segura até o Natal. Roque também agradeceu o Dr. Izaias Resplandes e o Diácono Sebastião (Jaciara) pelo apoio logístico e doações para a obra no Pantanal.


3. Debate Central: A Unidade das Igrejas Locais

O debate, coordenado por Matias Silva ("Unidade das Igrejas Locais"), destacou a urgência da integração, criticando a estagnação e o declínio na participação, especialmente entre os jovens.

Diagnóstico e Crise de Liderança

  • Desunião Prática: Matias apontou a falta de união e citou o evento "Chá entre Amigas" como uma iniciativa lenta de retomada. Jusciane lamentou que a desunião e a falta de respeito à liderança histórica tenham causado a perda de membros e a falha em prover apoio social e prático a necessitados (citando uma irmã com derrame).

  • Perda de Referência: O Diácono Theo e o Pastor Sebastião Mariberto alertaram sobre a perda da referência dos líderes, a ocupação dos jovens com "coisas do mundo" e o risco de encerramento de trabalhos em Cuiabá se a desunião persistir.

  • Falta de Perdão: O Pastor Sebastião dos Santos (Rondonópolis) identificou a falta de perdão como o maior vilão da unidade, criticando a futilidade das desuniões e o risco de aceitar a convivência com "doutrina falsa" (mencionando o não-crer na Trindade).

Conceito de "Igreja que Anda"

  • O Pastor Antônio Torrezan introduziu o conceito de que a UMNT é uma "Igreja que Anda" (como o povo de Deus no deserto), e sua identidade não pode estar atrelada ao local físico (prédio/templo).

  • Ele criticou o foco no "prédio bonito" e a rivalidade entre congregações, alertando que a unidade está no "corpo" de Cristo em movimento e união para a missão.

  • Torrezan defendeu que a integração Missão e Igreja é inseparável (financeira, de autoridade e de comunhão), e a unidade exige sabedoria, tolerância, perdão e o sacrifício pessoal de líderes.

Estratégias de Restauração

  • Matias Silva propôs o uso de um novo espaço (da UMNT) como ponto neutro de convergência e a mudança do culto de evangelização para liberar o domingo para cultos integrados (Ciclo de Avaliação PDCA).

  • O Diácono Theo sugeriu a realização de cultos e trabalhos evangelísticos integrados pelo menos uma vez ao mês e o compartilhamento da escala de trabalho entre as igrejas.

  • O Pastor João Rita reforçou que o cerne do problema é a teimosia e a mentalidade de competição entre líderes ("Eu sou melhor/maior"), e a solução exige "oração e ação" através de um diálogo franco e direto.

Evangelismo Pessoal e Prático

  • A Irmã Maria José (Barra do Bugres) testemunhou seu trabalho em sua chácara, usando o evangelismo pessoal e o "chá com mulheres" para alcançar vizinhas com problemas sociais. Ela defendeu que a unidade se manifesta em cada um usar seu dom (bater de porta em porta) e na não discriminação (preparar a igreja para receber pessoas com necessidades, como crianças com autismo).

  • Matias encerrou o debate citando João 15:12 e 13:35, definindo a unidade como a prática básica e essencial do amor, perdão e aceitação, sem o qual a igreja falha em seu propósito.


4. Crise de Acompanhamento e Descentralização

O debate da tarde de 15/11/2025 abordou os pontos 2 e 3 do temário, focando na crise de apoio logístico e espiritual em regiões distantes.

  • Problema: O Missionário Matias (Corumbá) e a Irmã Nelci (Terra Prometida, Várzea Grande) relataram o isolamento e sentimento de abandono pela liderança central da UMNT, citando o enfraquecimento espiritual e a busca por apoio em outras denominações. O Pastor Torrezan chamou isso de o "pastoreio que sumiu".

  • Solução Logística: A longa distância e os altos custos impedem a participação nos encontros anuais. Propôs-se a Descentralização, com a UMNT (o "elo de ligação") organizando Encontros Regionais e Microrregionais mensais para levar apoio e pastoreio mais próximo.

  • Viabilidade: Lucas Torrezan e Pastor Honório Neto argumentaram que a viabilidade exige uma mudança de mentalidade, encarando o dinheiro como "investimento espiritual" e que os participantes devem aceitar a simplicidade (como "dormir no chão").

  • Conclusão: Houve consenso na adoção dos encontros regionais. O Pastor Antônio Torrezan concluiu que a Missão está em crise, e a única saída é a união ativa e imediata da Missão com as Igrejas, exigindo que a liderança defina novos critérios para o uso dos missionários ("flex," meio período) e retome o pastoreio ativo.


5. Relatório Financeiro e Mudança da Missão

O Tesoureiro Lucas Torrezan apresentou o relatório financeiro da UMNT:

  • Período (Jan-Out/2025): Entrada de R$ 270.000,00.

  • Ajuda de Custo Missionários: Casais missionários recebem cerca de R$ 2.800,00/mês (meta de 2 salários mínimos). Colaboradores recebem R$ 1.100,00/mês, exceto Filemon e Laís (R$ 550,00). Roque e Mathias ainda não recebem ajuda.

  • Superávit: Um saldo de R$ 12.768,00 está sendo usado como capital de giro.

  • Informe sobre a Missão: Lucas também informou sobre a saída do Missionário Isaias Almeida da casa da missão e a sua própria mudança para a referida casa no final de dezembro de 2025.

  • Apelo Adicional: Lucas rogou contribuições para a autonomia financeira do Missionário Paulo César Moraes, visando sua dedicação integral à obra.


6. A Igreja Missionária

O tema foi apresentado pelo Pastor Honório Neto (Barão de Melgaço), reforçando que a missão é uma prática de toda a igreja, não apenas de um grupo.

  • Experiência no Pantanal: Honório e sua esposa, Marluce, criaram os filhos em missões, que aprenderam a se sustentar (pescar o próprio alimento) e a lidar com a logística da região (carro, barco, a pé).

  • Sustento Comunitário: O sustento dos missionários no Pantanal é feito por doações pessoais (CPF) dos membros (arroz, óleo, carne, etc.), coordenadas por Marluce, o que reduz as despesas.

  • Missão Jovem: Ele estimulou os jovens a serem missionários, citando o exemplo de seu filho que evangeliza na porta da faculdade.

  • Roque Nascimento desafiou a todos para o lançamento do Projeto NEO VALENTES ESPIRITUAL (jovens e mulheres) para a Missão Urbana quanto Rural, reforçando que o líder é o espelho da igreja e a comunhão e a humildade são essenciais.

  • Jusciane (Corumbá) descreveu o vasto campo da Missão Urbana, sugerindo o uso de campanhas temáticas (Maio Amarelo, Outubro Rosa) e relatando o sucesso do trabalho em locais como o Projeto Emanuel (Natal) e a UNEI. Ela lamentou a falta de "braços" (voluntários), destacando que a obra poderia ser muito maior.

  • Matias compartilhou a experiência do Pantanal Sul-Mato-Grossense, com alto custo logístico (R$ 8.000,00 por viagem), mas suprido pela graça de Deus. Ele enfatizou a necessidade de quebrar o "paradigma de placa de igreja", trabalhando em união com outras denominações (Batista, Assembleia) para o crescimento mútuo.

  • Edimário (Bebeto) e Elizandra (Lica) compartilharam seus testemunhos de despertamento missionário, superação da "zona de conforto" (vida bem-sucedida) e dedicação inabalável, mesmo diante de divisões passadas. Lica reforçou a importância do legado familiar no serviço e da pontualidade e do exemplo da liderança. Eles atuarão em Poxoréu a partir de 2026.

  • O Missionário Paulo César Moraes fez o fechamento, reconhecendo a pertinência das contribuições e agradecendo a todos os participantes.

O presente Relatório foi elaborado pelo Secretário ad hoc Izaias Resplandes de Sousa, em Rio dos Crentes, 16 de novembro de 2025.


Participantes:

Paulo César e Marinalva Moraes (UMNT)

Altivo Melo e Mathilde Melo (Rondonópolis)

Ivon Pereira (Vila Rica, Várzea Grande)

João Rita Ferreira e Ana Paula (Jaciara)

Roque e Maria do Carmo (UMNT)

Idivaldo e Nelcy (Terra Prometida, Várzea Grande)

Lucas e Antônio Torrezan (Campo Grande, MS)

Filemon e Lais (UMNT Pantanal)

Izaias e Maria de Lourdes Resplandes (Poxoréu)

Honório Neto (Barão de Melgaço)

Sebastião dos Santos (Rondonópolis)

Arízio Branco (Sorriso)

Euzeni Aquino - Theo (Bosque da Saúde, Cuiabá)

Elias e Maria José (Barra do Bugres)

Sebastião Mariberto (Nova Olímpia)

Cilas Ricardo e Marlene (Tangará da Serra)

Edimário e Elizandra e Emanuel (Nova Olímpia)

Victor (Rondonópolis)

Hely (Rondonópolis)

Dorisvaldo (Jaciara)

Mathias, Jusciane e Isadora (UMNT, Ladário, MS)

José Carlos e Neidy (Poxoréu)

Sebastião Francisco Barbosa e Maria Antônia (Jaciara).



 

domingo, 15 de junho de 2025

A Jornada da Terceira Idade

 A Jornada da Terceira Idade


Izaías Resplandes 


Saudação. Que a graça e a paz de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos os nossos queridos irmãos, principalmente os idosos de nossa amada Igreja Evangélica Neotestamentária. É com muita honra que agradeço a Deus pelo privilégio de poder compartilhar algumas reflexões da Palavra de Deus sobre a jornada diária na terceira idade. Que este estudo seja uma fonte de encorajamento, consolo e sabedoria para cada um de vocês. A Jornada da Terceira Idade é um Estudo Bíblico sobre o Dia a Dia do Idoso.



Introdução: Uma Perspectiva Divina sobre a Velhice

Amados irmãos e irmãs, é com grande alegria e respeito que nos debruçamos sobre um tema tão relevante e, por vezes, desafiador: o dia a dia do idoso. A sociedade moderna, em sua busca incessante por novidade e juventude, muitas vezes negligencia ou subestima a riqueza e a sabedoria que a idade avançada pode oferecer. No entanto, a perspectiva bíblica é radicalmente diferente. A Palavra de Deus não apenas valoriza o idoso, mas o vê como um pilar de experiência, fé e discernimento.

Em Provérbios 16:31, lemos: "Coroa de honra são as cãs, quando se acham no caminho da justiça." 

Esta passagem já nos dá um vislumbre da honra que Deus confere à idade avançada, especialmente quando vivida em retidão. Não se trata de uma fase de declínio inevitável, mas de uma etapa da vida que, se bem vivida em Cristo, pode ser repleta de propósito e glória.

Este estudo não visa ignorar os desafios físicos, emocionais ou sociais que a idade pode trazer. Pelo contrário, busca abordá-los à luz da Palavra de Deus, oferecendo princípios eternos que podem transformar a maneira como encaramos cada amanhecer. Seja você um idoso ativo e cheio de energia, ou alguém que enfrenta limitações físicas, ou ainda alguém que lida com a solidão ou a perda, a Bíblia tem uma mensagem específica para você. Nosso objetivo é explorar como a fé em Cristo pode enriquecer e dar significado a cada aspecto do dia a dia do idoso.



I. O Valor e a Dignidade do Idoso na Perspectiva Bíblica

Antes de mergulharmos nos detalhes do cotidiano, é fundamental estabelecer a base teológica do valor do idoso. A Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, tece uma narrativa que honra e respeita os mais velhos.


A. Honra e Respeito: Um Mandamento Divino

A importância de honrar os idosos não é uma sugestão, mas um mandamento explícito de Deus. 

Em Levítico 19:32, encontramos uma instrução clara:"Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião, e terás temor do teu Deus. Eu sou o Senhor."

Esta passagem é poderosa em sua simplicidade. Levantar-se diante das cãs (cabelos brancos) é um sinal de reverência, respeito e submissão à sabedoria e experiência acumuladas. O ato físico de levantar-se simboliza uma atitude interior de humildade e apreço. E o mais importante, essa honra está diretamente ligada ao "temor do teu Deus". Isso significa que o respeito ao idoso não é apenas uma convenção social, mas uma expressão de nossa obediência e adoração a Deus. Desonrar um idoso é, em última instância, desonrar Aquele que o criou e lhe deu vida.

Este mandamento não se limita apenas aos filhos em relação aos pais, mas se estende a toda a comunidade. A sociedade israelita, e por extensão a igreja de Cristo, é chamada a ser um lugar onde os idosos são valorizados, ouvidos e cuidados.


B. Sabedoria e Discernimento: O Tesouro da Experiência

A idade não traz apenas rugas, mas também um tesouro inestimável de sabedoria e discernimento. Os anos vividos, as experiências acumuladas, os erros e acertos, tudo isso contribui para uma perspectiva de vida mais profunda e equilibrada. 

Em Jó 12:12, é dito: "Nos anciãos está a sabedoria, e na longura de dias o entendimento."

Esta verdade ressoa ao longo de toda a Escritura. Os idosos são frequentemente apresentados como conselheiros, guias e guardiões da tradição. Eles testemunharam a fidelidade de Deus em diversas circunstâncias e podem oferecer conselhos baseados não apenas na teoria, mas na prática da vida.

Para os jovens, a sabedoria dos idosos é um farol que pode iluminar caminhos e evitar tropeços. Para os próprios idosos, reconhecer que possuem essa sabedoria é um encorajamento para não se isolarem, mas para compartilharem seus conhecimentos e experiências. Seja na família, na igreja ou na comunidade, a voz do idoso tem um peso e uma autoridade que vêm da providência divina.


C. Herança Espiritual e o Legado de Fé

Além da sabedoria prática, os idosos também são portadores de uma herança espiritual inestimável. Eles são a ponte entre gerações, transmitindo a fé, os valores e as histórias de como Deus agiu no passado. 

Em Deuteronômio 32:7, Moisés exorta o povo: "Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações; pergunta a teu pai, e ele te declarará; aos teus anciãos, e eles to dirão."

Os idosos são os "guardiões da memória" da fé. Eles viram o poder de Deus em ação, experimentaram Suas promessas e enfrentaram desafios com a Sua ajuda. Suas histórias de fé, perseverança e fidelidade são um testemunho vivo para as gerações mais jovens. Compartilhar essas histórias não é apenas uma forma de preservar o passado, mas de edificar o presente e moldar o futuro.

É por isso que a igreja deve ser um lugar onde o testemunho dos idosos é valorizado e incentivado. Sua capacidade de contar a história de Deus em suas vidas é uma poderosa ferramenta de evangelismo e discipulado.




II. Desafios e Oportunidades no Dia a Dia do Idoso

Compreender o valor do idoso nos prepara para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que a idade avançada oferece. O dia a dia do idoso pode ser marcado por uma série de mudanças e adaptações.


A. Mudanças Físicas e a Perspectiva da Graça

É inegável que a idade traz consigo mudanças físicas. A energia pode diminuir, a saúde pode tornar-se mais frágil e a dependência de outros pode aumentar. Isso pode ser uma fonte de frustração e, por vezes, até de depressão. No entanto, a Bíblia nos oferece uma perspectiva de graça para lidar com essas realidades.

Em 2 Coríntios 4:16, o apóstolo Paulo escreve: "Por isso não desfalecemos; mas ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia."

Esta é uma verdade libertadora! Embora o corpo físico possa estar em declínio, o nosso "homem interior" – nosso espírito e nossa alma – pode ser renovado diariamente pelo poder de Deus. A medida que a força física diminui, nossa dependência de Deus aumenta, o que, paradoxalmente, nos torna mais fortes em espírito. As limitações físicas podem ser um convite para buscar a Deus com mais intensidade, para encontrar Nele nossa verdadeira força e propósito.

É importante que os idosos não se permitam ser definidos apenas por suas limitações físicas. Sua identidade está em Cristo, e Nele, eles são novas criaturas, com um espírito que pode florescer mesmo quando o corpo se enfraquece. Isso não significa negligenciar os cuidados com a saúde, mas sim abordá-los com uma perspectiva de fé e confiança na soberania de Deus.


B. Lidar com a Solidão e o Isolamento

Um dos desafios mais pungentes que muitos idosos enfrentam é a solidão. A perda de entes queridos, a saída dos filhos de casa, a diminuição da mobilidade e a falta de oportunidades sociais podem levar ao isolamento. No entanto, a Bíblia nos lembra que não estamos sozinhos, e que a comunidade da fé é um refúgio.

Em Salmos 68:6, lemos: "Deus faz com que o solitário viva em família; liberta os presos com prosperidade; mas os rebeldes habitam em terra seca."

Deus é Aquele que se preocupa com os solitários e os integra em famílias. Para o idoso crente, a igreja é essa família. É um lugar onde podem encontrar companhia, apoio, amizade e propósito. É vital que a igreja seja proativa em alcançar e envolver seus membros idosos, garantindo que ninguém se sinta esquecido ou isolado. Visitas, telefonemas, convites para atividades, e simplesmente a presença e o ouvir, podem fazer uma diferença profunda.

Para o idoso, é importante ser proativo também. Buscar envolver-se em atividades da igreja, oferecer-se para servir de alguma forma, mesmo que pequena, e manter-se conectado com amigos e familiares, são passos importantes para combater a solidão. Lembre-se que Deus é o maior companheiro, e a comunhão com Ele através da oração e da leitura da Palavra é uma fonte inesgotável de consolo.


C. Aposentadoria e a Continuidade do Propósito Divino

A aposentadoria, embora muitas vezes esperada com ansiedade, pode trazer consigo um senso de perda de propósito para alguns. A rotina de trabalho que definia grande parte da vida é interrompida, e a questão "o que farei agora?" pode surgir. No entanto, para o crente, a aposentadoria não é o fim do propósito, mas uma transição para novas formas de serviço e contribuição.

Em Filipenses 1:6, o apóstolo Paulo nos assegura: "Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo."

Deus não se aposenta de Seus propósitos em nossas vidas. A boa obra que Ele começou em nós continua até o dia de Jesus Cristo. A aposentadoria pode ser uma oportunidade para dedicar mais tempo à oração, ao estudo da Bíblia, ao serviço na igreja, ao discipulado de outros, ou até mesmo a novas formas de ministério que antes não eram possíveis devido às exigências do trabalho.

Hoje, apesar de ser um professor aposentado, ainda tenho uma experiência e algum conhecimento para compartilhar. A confiança dos irmãos em nos permitir de ministrar na Igreja Evangélica Neotestamentária é um testemunho vivo de que o propósito de Deus não tem data de validade. Que outros idosos também possam ver suas aposentadorias como um tempo para florescer ainda mais no serviço ao Senhor.


D. Enfermidades e o Poder da Fé

As enfermidades podem ser uma realidade dolorosa na velhice. A dor crônica, doenças degenerativas e a fragilidade da saúde podem testar a fé e a paciência. No entanto, mesmo diante da enfermidade, a Bíblia nos oferece esperança e o poder da fé.

Em Tiago 5:14-15, somos encorajados: "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados."

Esta passagem nos lembra da importância da comunidade da fé no apoio aos enfermos. A oração dos justos tem grande poder. Além disso, mesmo que a cura física não aconteça imediatamente ou completamente, a fé em Deus nos dá paz em meio à dor e a certeza de que nossa esperança maior está em Cristo e na vida eterna.

É importante que os idosos enfermos não se sintam um fardo, mas que busquem o apoio da igreja e de seus entes queridos. E para aqueles que cuidam de idosos enfermos, que o façam com compaixão, paciência e o amor de Cristo, lembrando-se das palavras de Mateus 25:40: "Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes."



III. Princípios Bíblicos para uma Vida Diária Significativa na Velhice

Agora que abordamos o valor do idoso e os desafios que podem surgir, vamos nos aprofundar em princípios bíblicos práticos que podem transformar o dia a dia do idoso, tornando-o mais significativo, alegre e frutífero.


A. Cultivar a Comunhão com Deus: O Alimento Diário da Alma

O relacionamento com Deus é a base de uma vida plena em qualquer idade, mas especialmente na velhice, quando as distrações do mundo podem diminuir e há mais tempo para se dedicar à busca do Senhor. A comunhão diária com Deus é o alimento da alma.

Em Salmos 1:2-3, lemos: "Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem; e tudo quanto fizer prosperará."

A meditação na Palavra de Deus, a oração e o louvor são essenciais para manter o espírito forte e vibrante. A velhice pode ser um tempo para aprofundar a fé, para estudar a Bíblia com mais dedicação, para orar incessantemente e para ter um relacionamento mais íntimo com o Criador.

Para o idoso, a leitura da Bíblia pode ser um bálsamo para a alma, trazendo consolo, esperança e direção. A oração é uma ferramenta poderosa para expressar gratidão, apresentar preocupações e interceder por outros. Cultivar esse relacionamento diário com Deus garante que, mesmo quando o corpo enfraquece, o espírito se fortalece e floresce.


B. O Testemunho e o Discipulado: A Continuidade do Legado

Como mencionado anteriormente, os idosos são portadores de um vasto tesouro de experiência e fé. Compartilhar esse tesouro com as gerações mais jovens é um privilégio e uma responsabilidade.

Em Salmos 71:17-18, o salmista ora:"Ó Deus, tu me ensinaste desde a minha mocidade; e até agora tenho anunciado as tuas maravilhas. Agora, também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que eu tenha anunciado a tua força a esta geração, e o teu poder a todos os vindouros."

Este é o clamor de um idoso que deseja continuar sendo um instrumento nas mãos de Deus. O testemunho de vida, as histórias de como Deus agiu, e o discipulado pessoal são formas poderosas de transmitir a fé. Os idosos podem ser mentores para jovens casais, conselheiros para aqueles que enfrentam dificuldades, e exemplos de perseverança para todos.

Como professor aposentado, eu já exerço a função de ministro de Jesus na Igreja e pretendo continuar a compartilhar a sabedoria que Deus me deu enquanto Ele permitir. Que cada idoso possa encontrar sua própria maneira de ser um testemunho vivo da fidelidade de Deus. Isso pode ser através de uma conversa casual, de um conselho sábio, de uma oração intercessória, ou de um simples sorriso que reflete a paz de Cristo.


C. Alegria e Gratidão: A Perspectiva do Coração

Apesar dos desafios que a idade pode trazer, a Bíblia nos chama a viver com alegria e gratidão. A alegria do Senhor é a nossa força, e a gratidão nos ajuda a reconhecer as bênçãos diárias de Deus, mesmo nas pequenas coisas.

Em Filipenses 4:4, o apóstolo Paulo exorta: "Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos."

A alegria não é apenas uma emoção, mas uma escolha, uma atitude do coração que se baseia na certeza da presença e do amor de Deus. Para o idoso, que talvez tenha mais tempo para refletir sobre a vida, a prática da gratidão pode ser um exercício transformador. Agradecer a Deus pela vida, pela família, pelos amigos, pela provisão, pela saúde (mesmo com suas limitações), pela Sua Palavra e pela esperança da vida eterna, pode encher o coração de paz e contentamento.

Em 1 Tessalonicenses 5:18, somos instruídos: "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."

A gratidão, mesmo em meio às dificuldades, é um testemunho poderoso da fé inabalável. Ela nos ajuda a ver a mão de Deus em todas as circunstâncias e a manter uma perspectiva eterna.


D. Paciência e Resiliência: Confiando no Tempo de Deus

A velhice pode exigir paciência – paciência com as próprias limitações, com o ritmo da vida, e com o processo de envelhecimento. A resiliência, a capacidade de se recuperar de adversidades, também é uma virtude crucial.

Em Romanos 5:3-4, Paulo escreve: "E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança."

As tribulações e os desafios da velhice podem ser oportunidades para desenvolver ainda mais a paciência e a resiliência. Através dessas experiências, nossa fé é refinada e nossa esperança em Cristo se aprofunda. O idoso que passou por muitas tempestades da vida e permaneceu firme na fé é um testemunho vivo da fidelidade de Deus e da capacidade humana de superar adversidades com a ajuda divina.

A paciência nos ensina a confiar no tempo de Deus e em Seus propósitos, mesmo quando não os compreendemos plenamente. A resiliência nos permite levantar após cada queda, confiantes de que Deus nos sustentará.


E. Contentamento e Simplificação: Encontrando Satisfação em Cristo

À medida que envelhecemos, as prioridades da vida tendem a mudar. O desejo por bens materiais pode diminuir, e a busca por simplicidade e contentamento pode se tornar mais atraente.

Em Filipenses 4:11-13, Paulo declara: "Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece."

O contentamento não é a ausência de desejos, mas a satisfação em Cristo, independentemente das circunstâncias. Para o idoso, que talvez esteja com menos recursos financeiros ou com menos posses, o contentamento em Cristo é uma fonte de paz inabalável. Aprender a valorizar o que se tem, em vez de lamentar o que se perdeu, é um segredo para uma vida diária mais feliz.

A velhice pode ser um tempo para simplificar a vida, desapegar-se do supérfluo e focar no que é verdadeiramente importante: o relacionamento com Deus, a família, a comunhão com os irmãos e a preparação para a eternidade.


F. Preparação para a Eternidade: A Esperança Gloriosa

Finalmente, a velhice nos lembra da proximidade da eternidade. Para o crente, isso não é motivo de medo, mas de gloriosa esperança. A morte não é o fim, mas a transição para a presença de Deus.

Em João 14:1-3, Jesus nos conforta: "Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também."

Esta é a promessa que sustenta o coração do idoso crente. A vida na terra é apenas um breve parêntese na vasta eternidade. A velhice, com suas limitações e dores, pode ser um lembrete gentil de que este mundo não é nosso lar final.

Para o idoso, a meditação sobre a vida eterna deve ser uma fonte de consolo e alegria. A esperança da ressurreição, da reunião com os entes queridos na presença de Deus, e de uma vida sem dor, sem lágrimas e sem pecado, é a nossa maior motivação para viver cada dia com propósito.

Como diz em 2 Coríntios 5:1: "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus."

Essa perspectiva eterna nos ajuda a encarar as dificuldades da velhice com coragem e a viver cada dia com gratidão, sabendo que nosso futuro está seguro nas mãos de Deus.



IV. O Papel da Igreja e da Família no Cuidado do Idoso

A responsabilidade de cuidar e valorizar os idosos não recai apenas sobre eles mesmos, mas sobre toda a comunidade de fé e a família.


A. A Igreja como Família e Refúgio

A igreja deve ser um lugar onde os idosos se sintam amados, valorizados e parte integrante da comunidade. 

Em 1 Timóteo 5:1-2, Paulo instrui Timóteo sobre como lidar com os mais velhos: "Não repreendas asperamente a um ancião, mas admoesta-o como a um pai; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza."

Esta passagem nos ensina a tratar os idosos com respeito e reverência, como se fossem nossos próprios pais e mães. A igreja deve oferecer programas de apoio, visitas regulares, oportunidades de serviço, e um ambiente onde os idosos possam compartilhar sua sabedoria e receber o cuidado de que precisam. Seja através de um ministério específico para idosos, de grupos de apoio, ou simplesmente de uma cultura de respeito e amor, a igreja tem um papel crucial.


B. O Cuidado Familiar: Um Mandamento com Promessa

A família tem a primeira e mais direta responsabilidade de cuidar de seus idosos. O quinto mandamento, "Honra a teu pai e a tua mãe", é estendido para além da infância e adolescência, abrangendo o cuidado na velhice.

Em Efésios 6:2-3, Paulo reitera: "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra."

Honrar os pais na velhice significa prover suas necessidades, estar presente, ouvi-los, apoiá-los emocional e espiritualmente. É um ato de amor e gratidão pelo sacrifício que fizeram. Embora nem sempre seja fácil, o cuidado com os idosos é uma bênção e uma oportunidade de demonstrar o amor de Cristo em ação.



Conclusão: Uma Coroa de Glória e um Chamado à Esperança

Amados irmãos idosos, espero que este estudo tenha sido um bálsamo para suas almas e um encorajamento para suas jornadas diárias. A velhice, vista através dos olhos da fé, não é um fardo, mas uma coroa de glória, um tempo de frutificação e um testemunho da fidelidade de Deus.

Lembrem-se das palavras de Salmos 92:14: "Na velhice ainda darão frutos; serão cheios de seiva e de verdor".

Que a cada amanhecer, vocês encontrem renovadas forças no Senhor. Que suas vidas continuem a ser um farol de fé, sabedoria e amor para as gerações que se levantam. Que a comunhão com Deus, o serviço aos outros, a alegria na gratidão e a esperança da eternidade preencham cada um de seus dias.

Que Deus continue a abençoar a todos os irmãos idosos dessa Igreja. Que a paz de Cristo, que excede todo o entendimento, guarde seus corações e suas mentes. Em nome de Jesus, Amém.